Desde o sucesso de “La Casa de Papel”, as séries espanholas viraram fenômenos na Netflix; “Farinã”, “Elite”, “As Telefonistas”, “Vis a Vis” e “Merlí” são algumas presentes no catálogo da empresa, que também tem muitos filmes da mesma nacionalidade (“O Bar”, “Contratempo”, “Durante a Tormenta”, “Viver Duas Vezes” etc.). A bola da vez é o thriller “Toy Boy”.
Inicialmente vendida como uma minissérie (“La Casa de Papel” também era antes do sucesso), “Toy Boy” segue o padrão de qualidade da suas conterrâneas. A série acompanha Hugo (Jesús Mosquera), um stripper bem-sucedido que acaba preso por um crime que não cometeu. Ele é acusado de matar o marido de sua namorada em circunstâncias pra lá de estranhas.
Sete anos depois do julgamento, o caso de Hugo cai nas mãos de Triana (María Pedraza, de “La Casa de Papel”), uma jovem advogada de um grande escritório que pede reabertura da investigação e consegue a libertação temporária do protagonista. Livre, o stripper reencontra ex-companheiros de palco e seu caminho também volta a se cruzar com o de Macarena Medina (a tal namorada), uma mulher rica que comanda um império com seu sobrenome. Tudo isso enquanto luta para limpar seu nome e provar sua inocência.
Fórmula
“Toy Boy”, a grosso modo, pode ser definida como uma mistura de “How To Get Away With Murder” e “Magic Mike” - quando não está desenvolvendo a intrincada trama principal acerca de interesses econômicos, política, preconceito e sexualidade, a série mergulha em algumas subtramas. Uma dessas tramas orbita ao redor do clube de strip comandado por Ivan (José de la Torre), ex-stripper companheiro de Hugo. Ali acompanhamos alguns shows provocativos protagonizados por Hugo, Ivan, Germán (Raudel Raúl Martiato) e Jairo (Carlo Constanzia); Toy Boys, inclusive, é o nome do grupo de dança que leva mulheres à loucura.
A Netflix usa uma suposta “ousadia” para vender a série, mas “Toy Boy” não é tão subversiva assim. Sim, há homens dançando seminus e algumas cenas mais tórridas, mas tudo dentro do contexto pudico do serviço. A série acerta mais quando investe na trama e em suas diversas reviravoltas nem sempre previsíveis, algo raro no gênero. O problema do texto é que ele cria saídas fáceis para facilitar o caminhar da narrativa. Algumas coincidências são mais toleráveis, pelo fato de a trama se situar na pequena (e paradisíaca) comunidade de Marbella, em Málaga, mas outras são difíceis de engolir.
O que mais incomoda em “Toy Boy” são os tamanhos de seus episódios e a quantidade deles - todos os 13 têm mais de uma hora de duração e alguns chegam a 80 minutos. A narrativa seria muito melhor aproveitada com episódios mais curtos ou em menor quantidade. O tamanho da temporada também tira o foco da trama principal - a busca por justiça de Hugo - e obriga o texto a ocupar tempo com personagens não tão interessantes.
Mesmo com equívocos e problemas de ritmo que a fazem não ser uma série um patamar acima, “Toy Boy” tem qualidade o suficiente para conquistar o público sedento por novidades. O mistério principal da trama é honesto e a suposta subversão da série confere uma apimentadinha à narrativa. Não é nada revolucionário, mas oferece bom entretenimento.
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