Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

"De Volta Aos 15": 2ª temporada tem carisma de Maísa e boa conclusão

Com Maísa Silva e Camila Queiroz vivendo as desventuras de Anita através do tempo, "De Volta aos 15" volta à Netflix em segunda temporada que oferece possível bom fim à série

Vitória
Publicado em 06/07/2023 às 19h06
Série brasileira
Camila Queiroz e Maísa Silva na segunda temporada de "De Volta aos 15". Crédito: Vans Bumbeers/Netflix

A Netflix tem em Maísa um Silva um grande trunfo. A plataforma corretamente entende que a atriz dialoga com seu público, principalmente o brasileiro, e não foi coincidência ela ter sido a principal apresentadora do “Tudum”, evento global da empresa realizado, este ano, no Brasil. Maísa é uma estrela com potencial para crescer ainda mais, e a Netflix sabe disso.

“De Volta aos 15”, primeira série da atriz na plataforma, entende essa combinação. Lançada em 2022, a série acompanha Anita, uma mulher de 30 anos com uma vida não muito satisfatória. Ao acessar uma rede social que tinha aos 15 anos, ela descobre uma maneira de voltar àquela época e, quando entende o que está acontecendo, decide tentar mudar os acontecimentos para ter um futuro mais feliz.

Em seis episódios, a série baseada no livro de Bruna Vieira brinca com todos os clichês da viagem no tempo sem se preocupar muito com as regras do gênero. Alternando entre Camila Queiroz (com 30 anos) e Maísa (com 15), Anita reencontra e reescreve pontos chave de sua vida e da de seus amigos em uma série leve, com muita referência pop ao início dos anos 2000 e, principalmente, totalmente sustentada na nostalgia.

A primeira temporada deixa alguns ganchos a serem resolvidos, o que acontece agora, com novos seis episódios. “De Volta aos 15” entende perfeitamente não prezar pela originalidade e justamente por isso faz dos clichês piadas e reconexões nostálgicas – a série praticamente pergunta ao espectador “do que ele sente falta da adolescência?”. Assim, a nova temporada traz referências que vão da “Ragatanga” do Rouge a Charlie Brown Jr., NX Zero e Blink-182. Por mais que 2006 não pareça uma realidade tão distante para quem já tinha seus vinte e pouco anos na época, para o público alvo da série, trata-se de outro mundo.

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Série brasileira "De Volta aos 15". Crédito: Vans Bumbeers/Netflix

Os novos episódios seguem a dinâmica da primeira temporada e até começam a apresentar um desgaste. Anita volta a 2006, mas as coisas estão diferentes; ela logo percebe que Joel (Antônio Carrara) também viajou ao passado e agora, juntos, têm que “corrigir” a linha do tempo para voltarem à “normalidade”.

“De Volta aos 15” às vezes peca pela artificialidade do texto e das referências, mas isso nunca compromete. A série continua leve, com algumas doses de drama e criando suas próprias regras durante a jornada – “Você viu isso no ‘De Volta para o Futuro’”, diz Anita para Joel após ele questionar algumas liberdades tomadas pelas jovens para mudar o futuro. De fato, os personagens, até de forma meio egoísta, nunca percebem o quanto seus atos podem impactar o futuro do mundo além deles.

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Série brasileira "De Volta aos 15". Crédito: Vans Bumbeers/Netflix

A série segue boa como drama familiar, mesmo que às vezes seja superficial. O arco de Antônio (Felipe Camargo) funciona pela força dramática e para estabelecer algumas dinâmicas. Na nova temporada, é César/Camila quem tem uma história mais definida, de descobertas e autoconhecimento. A transição de César (Nila) para Camila (Alice Marcone) é tratada com delicadeza e sensibilidade, e é muito honesto ver Nila levando para a tela questões vividas por ela na vida real.

É fácil ver “De Volta aos 15” como um produto global. A série segue estruturas narrativas confortáveis, remetendo às fórmulas de filmes adolescentes consagrados. Há a atividade esportiva na escola, o mascote dançando, uma pouca regionalidade que serve para deixar tudo com um ar mais generalista, menos difícil de se localizar geograficamente. A série é esperta ao levar para o passado conceitos melhores aceitos hoje. Assim, o texto nunca transforma em conflito as características ou orientações de seus personagens; eles estão lá, mas funcionam mais como questões geracionais.

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Série brasileira "De Volta aos 15". Crédito: Vans Bumbeers/Netflix

Ao final da segunda temporada, a série chega a um bom ponto de encerramento. A série não é incrível, mas é boa ao dialogar com seu público em um roteiro sobre decisões, escolhas e, principalmente, descobertas. Esse discurso, embalado pelo carisma de Maísa e pelo alcance da Netflix, transforma “De Volta aos 15” em uma potência para adolescentes e jovens adultos.

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