Lançada em 2006, “Dexter” foi uma das primeiras séries da TV fechada americana a cair no gosto do público brasileiro que à época, com uma abrangência maior da banda larga, também começava a desvendar os downloads ilegais. A história do serial killer Dexter Morgan (Michael C. Hall) também foi a primeira frustração de muitos com os rumos de uma série que começou a se enrolar depois da excelente quarta temporada.
Ao final da oitava e última leva de episódios, a insatisfação foi geral com a morte de Debra (Jennifer Carpenter) e a fuga de Hannah (Yvonne Strahovski) ao lado de Harrison para a Argentina. Ao fim, o serial killer era mostrado barbudo, trabalhando como lenhador no meio do nada, encarando a câmera antes do ponto final.
A boa notícia é que a minissérie “Dexter: New Blood”, lançada nesta segunda no serviço Paramount+, tem a oportunidade de reescrever o final da história de Dexter e também de tirar o gosto amargo da boca dos fãs da série. A outra boa notícia é que os dez episódios que serão lançados pela plataforma toda segunda-feira trazem de volta o showrunner Clyde Phillips, justamente o sujeito que comandou “Dexter” nas quatro primeiras temporadas.
Em seu episódio de estreia, “Dexter: New Blood” é interessante. Reencontramos o serial killer dez anos depois dos acontecimentos da última temporada, vivendo como Jim Lindsay em na pacata e fria Iron Lake. Jim é um sujeito querido por todos na comunidade, trabalha em uma loja de equipamentos de caça, tem bom relacionamento na igreja, se dá bem com os jovens e ainda namora a policial Angela Bishop (Julia Jones). Quem desconfiaria desse sujeito? Além disso, Dexter não mata há bastante tempo - seu “dark passenger” foi substituído pelo fantasma de Debra, com quem ele conversa nos momentos de solidão.
A minissérie, que pode ser perfeitamente considerada uma nona temporada, oferece o conforto do estilo narrativo da trama e do personagem. Estão lá a narração em off, alguns cortes rápidos em determinados momentos, a maneira como o sangue é filmado e a mixagem de som que reforça o volume dos golpes de objetos cortantes. Apesar disso, ao menos a princípio, o texto se mostra ciente da necessidade de apresentar novidades; de que adiantaria, afinal, apenas repetir o que já foi feito em oito temporadas, umas três além do necessário?
Com Dexter vivendo bem e isolado, é claro que o texto tem que apresentar algumas novidades para criar um conflito - recomendo, inclusive, não assistir ao trailer de “New Blood”, que já entrega bastante coisa. O que é possível dizer é que o filho de um milionário mimado entra no caminho de Dexter e o faz questionar se não é hora novamente de dar ouvidos a seu “passageiro”.
Já conhecemos a dinâmica do protagonista e isso não representa surpresa alguma, o que não chega a ser um problema, muito pelo contrário, serve para matar a saudade. “Dexter: New Blood” até pode correr o risco de se repetir, desde que o faça emulando as primeiras temporadas da série.
Com dez episódios para por um (novo) fim na história do serial killer, o roteiro tem que ser preciso para apresentar novos personagens e cenários, mas também para responder à pergunta-chefe da narrativa: dez anos após os trágicos acontecimentos da oitava temporada e com novidades em sua vida, poderá Dexter encontrar algum tipo de redenção?
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