Em 2008, Jim Carrey estrelou a comédia “Sim Senhor”. No filme dirigido por Peyton Reed, que depois ganhou destaque na direção dos dois filmes do Homem-Formiga para o Universo Cinematográfico Marvel, Carrey vive Carl, um sujeito pessimista que, depois de um curso de autoajuda sobre o poder do “sim”, decide dizer “sim” a tudo o que lhe é perguntado. Após uma mudança brusca de vida, com muitos acontecimentos bons, percebe também que está sem controle sobre ela. Ao fim, entende a necessidade de se equilibrar entre o “sim” e o “não” para conduzir sua vida da melhor maneira.
“Dia do Sim”, lançado pela Netflix, é praticamente o mesmo filme, mas levando as consequências para o núcleo familiar e com uma pegada ainda mais de”Sessão da Tarde”. Dirigida por Miguel Arteta, a comédia acompanha a família Torres, encabeçada pelo casal Allison (Jennifer Garner) e Carlos (Edgar Ramírez). Ambos viveram uma juventude de aventuras e se permitiram fazer de tudo, mas isso mudou com a chegada dos três filhos: Katie (Jenna Ortega), Nando (Julian Lerner) e Ellie (Everly Carganilla).
A necessidade de controlar o ímpeto das crianças fez que o “não” se tornasse mais habitual que o “sim” na vida de Allison - Carlos, por sua vez, é o pai gente boa e permissivo, deixando com a esposa todo o fardo do controle familiar. Um dia eles descobrem uma nova moda, o “dia do sim”, um dia em que os pais, salvo exceções em algumas situações, não podem dizer "não" aos filhos.
Praticamente todo o filme se passa durante o “dia do sim” dos Torres, o que garante situações bem divertidas não só para o público adolescente, mas também para adultos. Jennifer Garner e Edgar Ramírez estão ótimos, abraçando os papéis sem medo de parecerem ridículos. Por se basear no livro infantil escrito por Amy Krouse Rosenthal e ilustrado por Tom Lichtenheld, “Dia do Sim” tem pegada de filme família, sem grandes conflitos e com lições apenas prontas para serem compreendidas ao final de tudo.
Apesar da fórmula, o filme é bem mais divertido do que aparenta ser, com personagens secundários engraçados e diálogos espertos principalmente em sua primeira metade. “Dia do Sim” é muito mais interessante enquanto explora os acontecimentos do dia do que quando parte para as consequências dos tantos “sim” ditos pelos Torres.
“Dia do Sim” é um filme seguro e convencional, que dificilmente vai surpreender o espectador, mas isso não é uma escolha feita ao acaso. Miguel Arteta opta por um filme seguro, confiando nas situações criadas pelo texto e no carisma de seus atores.
O texto traz boas referências para os adultos e com certeza vai funcionar melhor com quem já tem experiência de ter filhos em casa. Apesar disso, o filme tem problemas de ritmo. As situações parecem meio episódicas, quase nunca se relacionando com outras que acabaram de acontecer, como se fossem esquetes sobre a dificuldade de criar os filhos, mas isso nunca compromete.
Ao fim, “Dia do Sim” é o que o público espera que ele seja, um filme leve e divertido, com mensagens de aprendizado para pais e filhos e piadas para todos os públicos - tudo, afinal, é uma questão de equilíbrio.
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