Com o sucesso de “Game of Thrones”, “Vikings”, “The Last Kingdom”, “The Witcher”, entre outras, todos estão atrás da próxima série medieval. A HBO aposta em “House of Dragons”, com histórias regressas no universo criado por George R. R. Martin, já a Netflix apostou suas fichas na péssima “Bárbaros” (que foi renovada) e agora o Amazon Prime Video quer entrar na batalha com a superprodução espanhola “El Cid”.
Rodrigo Díaz de Vivar foi um lendário guerreiro espanhol do século XI. Conhecido como El Cid, ele se destacou na guerra entre os reinos espanhóis recém-convertidos ao cristianismo e os mouros que habitavam boa parte de onde é a Espanha - não é à toa que o país tem arquitetura e vários hábitos culturais de origem árabe, do norte da África.
Sua história real é polêmica. Muitos dizem que ele foi um bravo guerreiro (disso não há muitas dúvidas) e se tornou um nobre e justo senhor que, mesmo convertido ao cristianismo, tinha em sua corte árabes e respeitava suas crenças e costumes. O outro lado da História, no entanto, diz que Rodrigo torturou e matou opositores, além de lutar por quem pagasse mais. As lendas dizem que sua morte se deu em batalha, mas a verdade é que morreu longe da luta, em seu castelo. Vale destacar que sua vida já foi contada de forma bem romantizada no clássico de mesmo nome, “El Cid” (1961), com Charlton Heston e Sophia Loren.
Em “El Cid”, que estreia no Amazon Prime Video nesta sexta (18), a história contada é obviamente a mais heroica, mas se atendo às origens do personagem histórico. Rodrigo, mais conhecido como Ruy, é interpretado por um rosto muito conhecido dos brasileiros, Jaime Lorente (o Denver de “La Casa de Papel”). A série mostra a origem do guerreiro, que viu seu pai morrer em batalha ainda jovem e teve que se reinserir na corte do Rei Fernando “o Grande” (José Luis García-Perez) a duras penas.
Nos cinco episódios da primeira temporada, que foi totalmente disponibilizada para a imprensa, vamos acompanhando Ruy cada vez mais ganhando a confiança do rei. Lá pelo terceiro episódio, quando as tramas parecem se encontrar em um inevitável combate, é que a série realmente engrena - tudo o que aconteceu até aquele momento é apenas uma preparação de terreno para o que realmente importa.
“El Cid” se preocupa em contar histórias paralelas para dar profundidade política e romântica à história, mas não o faz muito bem. As tramas são rasas e confusas para quem não conhece as figuras históricas, provavelmente o caso da maior parte do público que vai conferir a série da Amazon.
A Espanha, vale destacar, é um lugar perfeito para esse tipo de história. Cheia de castelos e com paisagens lindas, a série nem precisa se esforçar muito em construir cenários com efeitos especiais ou esconder a grandiosidade deles. Assim, “El Cid” se concentra na ação e nas já citadas tramas de traição, ganância e sede de poder.
As cenas de combate de “El Cid” podem não ser as melhores do gênero, mas tampouco fazem feio em comparação a séries similares. Ao fim, funcionam bem e são o grande atrativo da série. O texto peca nos diálogos expositivos e com pouca carga dramática, problema potencializado por atuações irregulares. Jaime Lorente é meio canastrão, mas se sai bem quando precisa reagir mais e atuar menos. O mesmo pode ser dito de praticamente todo elenco de apoio.
“El Cid”, é claro, escolhe a versão da História que quer contar, mas ainda assim é um interessante resgate histórico. Os conflitos entre cristãos e mouros na Espanha são muito ricos em detalhes e ajudam a entender a cultura do país. Ao apostar em apenas cinco episódios para uma primeira temporada, a Amazon escolhe contar um prólogo ao invés de mergulhar direto na história.
Ainda, o baixo número de episódios significa que a produção pode aproveitar bem os recursos para conferir à trama a grandiosidade que ela merece. A vida de Rodrigo Díaz de Vivar oferece diversas possibilidades a serem desenvolvidas e a Amazon pode ter em mãos uma boa série medieval baseada em fatos. Basta saber identificar seus pontos fortes e desenvolvê-la.
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