Lançada em janeiro deste ano, “Lupin” foi uma surpresa até mesmo para os produtores da série, que acreditava no seu alcance dentro da França, mas não apostavam no sucesso global da série que homenageia a criação mais famosa de Maurice LeBlanc, o ladrão gentil Arsène Lupin.
A favor da série, um protagonista carismático e reconhecido mundialmente, Omar Sy, além de uma divertida e ágil trama de assalto, com os golpes de Assane servindo para movimentar uma história familiar de boa carga emocional. A primeira temporada, ou a “Parte 1”, como a Netflix define, tem apenas cinco episódios que acabam rápido demais e com um gancho gigante.
A “Parte 2” de “Lupin”, ou segunda temporada, como preferir, chega nesta sexta (11) à Netflix para suprir a ansiedade dos fãs da série, mas também para concluir o arco que a primeira parte apresenta tão bem. A partir deste ponto, é bom ressaltar, o texto pode conter algum spoiler da “Parte 1” de “Lupin”, mas nada sobre a segunda parte, garanto.
A nova temporada de “Lupin” tem início imediatamente no gancho deixado pela primeira parte, com o sequestro de Raoul (Etan Simon) e o encontro de Assane (Omar Sy) com o policial Guedira (Soufiane Guerrab). O sexto capítulo da série francesa da Netflix começa em alta rotação, com bastante coisa acontecendo, e muita tensão.
O grande atrativo da série, claro, são as habilidades e a criatividade de Assane na criação e na execução dos golpes, mas a segunda temporada tem início com um personagem que reage mais ao que lhe é imposto, com pouco planejamento - com o filho em perigo, o protagonista não tem tempo para planejar cada passo.
“Lupin” oferece bom entretenimento ao criar conflitos e logo resolvê-los. Assim, o texto não permanece muito tempo no mesmo lugar e tem sempre alguma virada nova ou algo novo acontecendo. Esse recurso já funcionaria em uma temporada maior, com oito episódios, por exemplo, então, em uma nova temporada com cinco capítulos, é muito interessante ver as escolhas do roteiro.
O texto de “Lupin” é enxuto, com pouquíssima gordura ou momentos possíveis de serem descartados. Os flashbacks à adolescência de Assane ainda permanecem na segunda temporada, mas são utilizados com mais cautela e quase sempre para justificar alguma habilidade ou algum conhecimento um tanto improvável de do protagonista.
A série, como a maior parte das tramas de assalto, esbarra um pouco no didatismo e na exposição em alguns momentos para explicar cada passo das ações de Assane, mas vale a ressalva de que isso nunca é feito imediatamente. No segundo arco da temporada há inclusive um acontecimento do qual a audiência se esquece antes de perceber sua importância.
“Lupin” tem uma noção de seu tamanho e do tamanho do personagem cujo charme talvez seja exatamente ser francês demais, como fica claro na música que encerra o décimo episódio. Por isso, sem inventar um grande conflito e mantendo tudo em um nível mais pessoal, a série consegue entregar dois arcos que se completam e, o melhor, se integram com a primeira temporada - faz todo sentido a Netflix vender a série como duas partes de uma mesma história.
As novidades dessa segunda leva de episódio ficam principalmente na maior participação de Guedira na história. O policial que antes ficava relegado a ser um fã de Arsène Lupin a quem ninguém dava atenção se torna peça importante tanto nas ações da polícia, que perceberam a importância de seu conhecimento, quando na narrativa do próprio Assane.
A segunda parte de “Lupin”, assim como a primeira, é ótima. Omar Sy ocupa a tela com maestria e nos faz crer até nas artimanhas mais absurdas de seu personagem. Acima de tudo, a reinvenção do clássico de Maurice LeBlanc preza pela diversão sem subestimar a inteligência do espectador.
É claro que há um ou outro momento que nos faz questionar a improbabilidade daquilo tudo, mas “Lupin”, a série, é construída como os livros de LeBlanc, com encanto e habilidade para encantar e divertir. Apesar do senso de conclusão ao término do quinto episódio, a vontade é logo descobrir quais serão os próximos passos de “Lupin”.
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