A Netflix até tem tentado, mas, ao contrário de algumas concorrentes, ainda não encontrou uma série de espionagem realmente boa para qualificar seu catálogo. Enquanto a AppleTV+ tem a ótima “Slow Horses” e a por enquanto irregular “Conexões”, a HBO faz bonito com “Perry Mason” e a Amazon Prime Video alcançou sucesso com “Bosch”, “A Lista Terminal”, “Jack Ryan” e “Reacher”, quatro adaptações de sucesso para sucessos literários, a Netflix lançou recentemente as no máximo razoáveis “Recruta” e “A Traição”, duas séries de textos originais.
Nova série da Netflix, “O Agente Noturno” é adaptação do livro homônimo de Matthew Quirk e se assemelha mais às séries das concorrentes do que a seus pares de plataforma, e talvez isso seja uma boa semelhança. Em dez episódios, acompanhamos Peter Sutherland (Gabriel Basso), um agente do FBI marcado por um acontecimento de seu passado e agora relegado aos porões da Casa Branca.
O ótimo primeiro episódio mostra que, Peter, na verdade, deveria ser tratado como um herói. Acompanhamos os acontecimentos de um ano antes do início da série, quando o agente impediu um atentado à bomba no metrô. Nas investigações sobre o caso, porém, algumas informações em relação à sua família colocaram seu caráter em dúvida. Um dia, porém, o misterioso telefone em sua mesa de trabalho, que nunca tocou, recebe a ligação desesperada de Rose, uma ex-CEO de uma empresa de ciber-segurança.
Chocada, Rose diz a Peter ter descoberto que seus tios eram espiões e foram assassinados, mas conversavam sobre um ataque terrorista e um espião dentro da Casa Branca. Ele leva suas descobertas a seus superiores, mas o chefão do FBI (Robert Patrick) não acredita no agente.
Paralelamente, também conhecemos Chelsea (Fola Evans-Akingbola), agente do Serviço Secreto responsável pela segurança da filha do vice-presidente, Maddie (Sarah Desjardins), e seu novo parceiro, Erik (D. B. Woodside), um agente de volta ao serviço após levar um tiro para salvar o ex-presidente. Neste cenário, não é preciso muito esforço para imaginar que a o arco da filha do presidente e o de Peter se cruzarão em uma trama muito maior que coloca em risco a segurança nacional dos EUA.
Após a bom episódio inicial, “O Agente Noturno” desacelera para tentar construir um universo em que todos parecem esconder alguma informação. O clima de desconfiança contrasta com a tentativa de estabelecer um relacionamento entre Peter e Rose, que flertam praticamente desde o primeiro contato - no esforço para criar essa tensão sexual, o texto os coloca com frequência em ambientes apertados. A série também dá espaço aos assassinos vividos por Phoenix Raei e Eve Harlow (eles nunca ganham nomes) em boas cenas que os retratam como violentos agentes do caos.
Mesmo sem grandes surpresas e com algumas viradas sendo previsíveis desde o início, a série criada por Shawn Ryan tem bons momentos, principalmente quando se envereda pelo passado do protagonista. Após estabelecer o universo, a série perde a força inicial na necessidade de garantir conteúdo para seus dez episódios, pois não parece haver material original para tanto.
O resultado é uma narrativa que parece andar em círculo, indicando falsas pistas e levando o público - e os personagens - a buscas vazias. Lá pelo sexto episódio, porém, “O Agente Noturno” recupera o ritmo inicial até de forma surpreendente, tornando o terceiro ato da série ágil e muito interessante - é difícil não quere clicar imediatamente para assistir ao próximo episódio.
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