Quando a primeira temporada de “O Mundo Sombrio de Sabrina” foi lançada, lá em outubro de 2018, elogiei a série e disse se tratar de uma trama “sobre adolescência e seus dilemas no mundo moderno”, mas também critiquei sua falta de foco e os episódios muito grandes. Para ser sincero, não achei que teria o impacto que teve. A segunda temporada, lançada em 2019, deixou de lado o fantasioso romance teen para apostar em uma atmosfera de horror gótico de alto nível. Uma ótima surpresa.
Agora, pouco mais de um ano depois, chegamos à terceira temporada com um universo estabelecido, personagens bem desenvolvidos e uma história cada vez mais macabra. Se você não viu as temporadas anteriores e pretende ver, um aviso: este texto pode conter leves spoilers das duas primeiras levas de episódios.
Após os chocantes acontecimentos do final da segunda temporada, muitas questões ficaram a ser resolvidas. O que aconteceu com Nick (Gavin Leatherwood)? E o padre Blackwood (Richard Coyle)? A boa notícia é que a terceira temporada chega com as respostas logo de supetão.
Infernal
Em uma pegada bem parecida à de “Riverdale”, a série se livra das amarras e se entrega sem medo do ridículo - temos números musicais, monstros absurdos etc.. A temporada, inclusive, começa com Sabrina (Kiernan Shipka) e sua turma em uma sangrenta e divertida (!?) incursão pelo inferno.
“Sabrina”, a série, consegue não se levar a sério. Em sua terceira parte, “O Mundo Sombrio de Sabrina” ganha ares quase de uma série procedural, ou seja, aquelas em que cada episódio traz uma aventura diferente. Alguns personagens como Prudence (Tati Gabrielle) e Ambrose (Chance Perdomo) ganham mais tempo de tela em uma estranha jornada à procura do padre Blackwood em um mundo meio erótico e cheio de monstros…
“O Mundo Sombrio de Sabrina”, mesmo abraçando o humor e o absurdo, encontrou sua estética de horror na segunda temporada e mantém a pegada. A série abraça o “horror cósmico” e possibilita que o roteirista e criador Roberto Aguirre-Sacasa abuse das criaturas bizarras criadas com efeitos práticos que deixariam o nosso Rodrigo Aragão (“A Mata Negra”) orgulhoso.
O final da temporada tem um clima pesado e traz questionamentos acerca da protagonista que talvez não faça valer a devoção que os colegas têm por ela. Ao mesmo tempo, a conclusão levanta uma questão interessante: quão macabra pode Sabrina (e a série como um todo) se tornar? “O Mundo Sombrio de Sabrina” é a série que “True Blood” tentou ser antes de muita coisa dar errado, é talvez a melhor série de fantasia/horror da atualidade - o público só precisa esquecer que se trata de uma série tachada como “teen” para aproveitá-la como ela merece.
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