Nota do Editor
8 de abril de 2021 às 16:29
Crítica originalmente publicada em 17/10/2018 e agora atualizada para acompanhar o lançamento do filme na Netflix
Vencedor do prêmio de direção em 2017 por “La La Land” e indicado em 2015 por “Whiplash”, Damien Chazelle teve um início brilhante de carreira como diretor. Seu terceiro filme, "O Primeiro Homem", que chega agora à Netflix, foi um dos grandes injustiçados do Oscar 2019, levando apenas o prêmio de Melhor Efeitos Visuais, mas merecia muito mais. O filme, além da grife do diretor, traz a história de Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, de maneira bem diferente da que estamos acostumados a ver.
Baseado no livro de James R. Hansen e com Ryan Gosling como protagonista, o filme mostra como os americanos venceram os russos na corrida espacial, mas faz um estudo de personagem para transformar um evento grandioso em algo intimista; a chegada à Lua, o tal “pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade”, é apenas o ápice, o que importa é como Neil e Buzz Aldrin (Corey Stoll) chegaram até ali.
O roteiro de Josh Singer, vencedor do Oscar por “Spotlight” (2015), mostra todo o desenvolvimento do programa espacial americano – do projeto Gemini, em 1961, às diversas tentativas do Apollo. O recorte histórico marcado por tentativas frustradas ajuda na construção do personagem Neil Armstrong.
“O Primeiro Homem” acaba sendo mais um filme sobre os fracassos dos projetos da Nasa do que sobre seus acertos. Acompanhamos o fracasso da Apollo 1 de dentro da nave, por exemplo, em uma sequência que impressiona.
Como o final da trama já é conhecido, as histórias desses fracassos fazem com que o público se apegue a alguns personagens – o destino de Neil é conhecido e ele não é (e nem nunca foi) um sujeito dos mais carismáticos, mas quantos ficaram pelo caminho para que ele entrasse para a História?
O filme de Chazelle trata de luto e de um sujeito disposto ao sacrifício para um sonho maior – não muito diferente do que faz o personagem do mesmo Gosling em “La La Land”.
Justamente por isso apelo emocional de “O Primeiro Homem” recai sobre Janet (Claire Foy), esposa de Neil, uma mulher que passou boa parte da vida com o sentimento de que seu marido poderia morrer a qualquer momento.
Em seu estudo de personagem, Damien Chazelle não desconstrói ou humaniza um herói americano, mas o traz para mais perto do espectador apesar de escapar dos clichês convencionais de cinebiografias.
O que fica em “O Primeiro Homem” é uma história de dor e de sacrifício, tudo pontuado por um elenco afiadíssimo, uma excelente fotografia e por silêncios inseridos nos momentos certos. A corrida espacial nunca foi tão pessoal.
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