O que significou o Globo de Ouro na noite do último domingo para o Oscar? Bem… na verdade nada de mais. Claro que muitos dos filmes e das pessoas presentes lá ontem estarão na premiação do Oscar, mas os vencedores não “largam na frente” para a corrida para a premiação máxima do cinema. Vale lembrar que são apenas 87 jornalistas que escolhem os vencedores contra os mais de 9000 do Oscar. Não, não é um termômetro.
Muitos dizem que a premiação foi um tapa na cara da Netflix, que teve o maior número de indicações (17), mas saiu de lá com dois prêmios - Laura Dern (Atriz Coadjuvante em “História de um Casamento”) e Olivia Colman (Atriz de Série de TV Drama em “The Crown”) - e viu seu grande filme, "O Irlandês", sair de mãos vazias. A Guerra Fria entre Netflix e Hollywood ainda deve durar um bom tempo. A empresa de streaming se considera (justamente) uma produtora do mesmo naipe de seus pares, mas Hollywood ainda não se adaptou à mudança. Enfim...
A vitória de “1917”, épico de guerra de Sam Mendes, não chega a ser uma surpresa. Quando o cineasta foi anunciado vencedor do prêmio de Melhor Diretor, esse cenário já se mostrava não apenas possível, mas provável. “1917” ainda não estreou em circuito amplo, o filme teve apenas as exibições necessárias para se credenciar ao Oscar - a estreia nos EUA é no dia 10 e a do Brasil, dia 23. O não conhecimento do filme frustrou o público, que torcia por seus favoritos, principalmente pelo queridinho “Coringa”, que, ao fim, deu o prêmio de Melhor Ator Drama a Joaquin Phoenix.
Surpresa mesmo foi “Link Perdido” levar Melhor Animação. Nem os envolvidos esperavam. O filme de Chris Butler (“ParaNorman”) é no máximo divertidinho, mas tinha um trunfo: era o único original entre seus concorrentes (“Frozen 2”, “Toy Story 4”, “O Rei Leão” e o excelente “Como Treinar Seu Dragão 3”).
Uma surpresa menor foi Taron Egerton ganhar Melhor Ator Comédia ou Musical por “Rocketman”. A boa e fantasiosa cinebiografia de Elton John estreou no primeiro semestre e não comoveu tanto quanto “Bohemian Rhapsody” no ano passado, apesar de ser um filme bem superior. Elton e Taron têm circulado por todos os eventos em Hollywood fazendo campanha para o filme, expediente que sempre agrada os membros da HFPA. Além disso, obviamente, o músico é uma entidade respeitadíssima e sua presença pode ter impressionado positivamente a Associação de Jornalistas Estrangeiros de Hollywood, que também o premiou pela música do filme, “(I'm Gonna) Love Me Again”. Na imprensa especializada, no entanto, o nome de Taron não aparece entre os favoritos para uma indicação ao Oscar.
No mais? “Parasita” deve ter mais destaque no Oscar, cujas regras permitem sua indicação ao prêmio principal além do de Filme Internacional. Tarantino, vencedor de Melhor Roteiro no domingo por "Era Uma Vez... Em Hollywood" (não indicado ao WGA por problemas antigos com o sindicato dos roteiristas), ainda é considerado um favorito ao prêmio de Melhor Direção. Renée Zelweger, pelo mediano “Judy”, não surpreendeu ninguém e já era favorita ao prêmio de Melhor Atriz da Academia.
As indicações do WGA (sindicato dos roteiristas), PGA (produtores) e SAG (atores) nos próximos dias devem indicar os rumos do Oscar 2020. O PGA, por exemplo, acertou 87% dos últimos vencedores em Melhor Filme na última década. O Globo de Ouro? Mesmo entregando dois prêmios principais (Melhor Filme Drama e Melhor Filme Comédia ou Musical), a média de acerto é de pouco mais de 50%.
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