Lançada sem grande estardalhaço, “Only Murders in the Building” esteve em praticamente todas as listas de melhores séries de 2021. Ainda assim, a série produzida pela Hulu e disponível no Brasil via Star+ ainda é prejudicada, aqui, por uma plataforma que busca consolidar um público e está longe do alcance das concorrentes mais populares. Essa talvez seja a única explicação possível para que a série estrelada por Selena Gomes, Martin Short e Steve Martin não seja um fenômeno de popularidade no Brasil.
Divertida, com texto e direção impecáveis, a comédia de mistério dialoga com a realidade e a febre dos podcasts de crime de forma inteligente, fazendo com que o espectador se sinta mais próximo do universo que vê em tela - o que é reforçado por um trio de protagonistas sem o menor preparo para aquelas situações, ou seja, pessoas inicialmente vendidas como comuns pelo texto, mesmo que não o sejam.
O sucesso entre crítica e público nos EUA justificou que a série tivesse uma segunda temporada produzida rapidamente. Assim, a segunda temporada de “Only Murders in the Building” chega nesta terça (28) ao Star+, menos de um ano após o lançamento da primeira. Nos novos episódios (dois já estão disponíveis), encontramos Mabel (Selena Gomez), Charles (Steve Martin) e Oliver (Martin Short) no local onde os deixamos ao fim da primeira temporada.
É interessante como o texto abandona esse choque para partir para a apresentação dos novos conflitos. Com uma nova morte no Arconia e com o sucesso do primeiro podcast, será que valeria a pena voltar com um novo para solucionar a morte de Bunny? A segunda temporada de “Only Murders in the Building” é recheada e metalinguagem em sua trama e, principalmente, nas piadas, fazendo referências às próprias carreiras dos atores e ao sucesso da série - tal qual o podcast que dá nome à série, esta também sofre com a pressão da segunda temporada após um primeiro arco bem-sucedido.
“Only Murders in the Building” volta ao caos, às pistas falsas e às entranhas do Arconia para a nova temporada. A popularidade da série também atraiu novas caras - Tina Fey retorna em participações pontuais sempre bem-vindas, agora com um podcast sobre os podcasters, mas Cara Delevingne é novidade como uma artista que se interessa pela arte de Mabel, e Amy Schumer vive uma versão dela mesmo (o Sting da vez), brincando com a própria popularidade em um papel recorrente. Ainda há espaço para a lendária Shirley MacLaine em uma curta, mas ótima aparição.
A nova temporada traz também alguns flashbacks para desenvolver melhor não apenas os personagens principais, mas também outros moradores do Arconia; o prédio é ainda mais um personagem importante nos novos episódios. Os flashbacks também acrescentam camadas à trama principal e ao trio de protagonistas, além de brincarem com as sensações do público da mesma forma que o episódio “silencioso” da primeira temporada.
Outra novidade é a presença de Lucy (Zoe Coletti), filha de uma ex-namorada de Charles apenas citada na primeira temporada. A presença da jovem dá uma nova dinâmica aos conflitos geracionais antes existentes na relação Charles/Oliver e Mabel - agora é Mabel que sofre com as novidades trazidas pela adolescente em um universo antes pouco explorado pela série.
A grande sacada de “Only Murders in the Building” é não ser uma comédia de mistério ou um “whodunnit” cômico, mas uma série que equilibra os dois gêneros com excelência, deixando o público ao mesmo tempo interessado na busca pelo assassino e encantado pelo texto, tudo potencializado pelo talento cômico de Steve Martin e Martin Short. Apresentando a mesma estrutura narrativa da primeira temporada, a série se aproveita disso para gerar o tão buscado conforto enquanto explora novas possibilidades. Por quanto tempo essa fórmula pode durar? Difícil responder, mas não parece ser na segunda temporada que “Only Murders in the Building” mostrará sinais de desgaste.
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