Sucesso na Netflix, o filme polonês “Plano de Aula” foi definido por mim como “‘Um Tira no Jardim da Infância’ para adultos”. Dirigido por Daniel Markowicz, o longa tem boa ação e diverte, apesar de uma trama totalmente genérica e previsível. Como a Netflix parece adorar uma trama genérica e abraçou as produções polonesas de baixo orçamento, Markowicz está de volta com “Operação: Arma Secreta”, filme que escreve e dirige para a plataforma.
Em pouco mais de 90 minutos, “Operação: Arma Secreta” tenta demais, mas nunca tem sucesso. O filme acompanha um mercenário (Piotr Witkowski, do já citado “Plano de Aula”) contratado para ir atrás de Eliza Mazur, uma mulher que parece ter provas de crimes realizados pelo governo. Chegando no local da missão, os mercenários se deparam com uma perigosa arma que transforma as pessoas em assassinos imparáveis, que não sentem dor e tampouco pensam no que estão fazendo – são praticamente violentos zumbis sem a letargia.
O filme de Markowicz é um apanhado de ideias pouco originais de textos de ação. Há o momento de camaradagem entre os mercenários antes da grande missão, há interesses escusos de governantes e pessoas poderosas e também um antigo romance prestes a renascer. Nada em “Operação: Arma Secreta” é original, mas esse nem é o maior dos problemas.
O lançamento da Netflix é simplesmente muito ruim. Com personagens pouco interessantes e nunca desenvolvidos, o roteiro nem sequer se esforça para despertar algum sentimento do espectador, como se confiasse que suas sequências de ação garantissem o filme. A ação tem alguns bons efeitos práticos, mas é pouco fluida, sem dar o devido peso às cenas. Trata-se de um filme de baixo orçamento que tenta ser muito maior do que tem capacidade de ser e acaba se complicando, sem preocupação com continuidade ou lógica entre as sequências.
Pior que a falta de recursos é a falta de ideias que poderiam salvar o filme do total desastre. “Operação: Arma Secreta” parece querer preencher uma cartela de bingo dos filmes do gênero, mas mostra mesmo é que Markowicz é menos pior quando se preocupa apenas com a direção. Com diálogos ruins e reviravoltas previsíveis, seu texto parece escrito por uma inteligência artificial, sem nenhum destaque, a partir de diversos outros filmes de ação. O roteiro chega ao ápice da falta de originalidade na virada final, que recorre à mais batida muleta de solução de um texto.
“Operação: Arma Secreta”, ao fim, é um desastre. Não há nada no filme que não tenha sido feito muito melhor em outro ou que faça valer a pena dar uma chance a ele. A trama, por exemplo, remete ao bom “Operação Overlord”, enquanto o arco político, que talvez nem mereça ser propriamente chamado de arco, é preguiçoso como todo o resto.
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