Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

"Os Salafrários": comédia brasileira da Netflix é esquecível

Comédia brasileira sobre um golpista que vende o Cristo Redentor tem Marcus Majella e Samantha Schmütz em um emaranhado de esquetes

Vitória
Publicado em 07/05/2021 às 15h23
Filme brasileiro
Filme brasileiro "Os Salafrários", da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

A parceria entre o ator Marcus Majella e o diretor Pedro Antônio Paes é antiga e data do humorístico “220 Volts”, capitaneado pelo saudoso Paulo Gustavo. Ela continuou após o programa, com o derivado “Ferdinando Show” e filmes como “Um Tio Quase Perfeito”. Pedro também é diretor do filme “Tô Ryca”, com Samantha Schmütz, no qual, inclusive, Majella é coadjuvante. Esse conhecimento prévio entre os três é essencial em “Os Salafrários”, comédia lançada pela Netflix dirigida por Pedro e protagonizada por Majella e Schmütz.

Com roteiro de Fil Braz, também de “220 Volts” e dos filmes “Minha Mãe é uma Peça”, “Os Salafrários” acompanha Clóvis (Majella), um golpista de mão-cheia que se vê em fuga após alguns golpes não saírem exatamente como ele imaginava. Durante a fuga, ele atropela Lohane (Schmütz), sua irmã de criação, uma mulher honesta e trabalhadora, mas que vem sofrendo para se manter assim e precisa da ajuda do irmão que ela tem certeza que venceu na vida.

Para ter onde comer e dormir durante a fuga, a dupla aplica vários golpes, apesar da relutância inicial de Lohane, e o filme se resume basicamente a isso. “Os Salafrários” se assemelha muito a uma sucessão de esquetes de quadros humorísticos, algumas até divertidas e criativas. Quando as piadas funcionam, isso acontece muito em função de Majella e Schmütz, que parecem inclusive ter se divertido bastante durante as filmagens.

A química entre os atores e o tempo de humor de ambos ajudam a compensar o roteiro pouco inspirado. Quando o filme finalmente parece encontrar um fio narrativo, uma história a ser seguida, ele se atropela até o fim. O diretor, sabendo os atores que tem em mãos, permite que ambos improvisem parte do texto, o que rende algumas boas risadas.

Filme brasileiro
Filme brasileiro "Os Salafrários", da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

Apesar de pouco mais de 90 minutos de duração, “Os Salafrários” se repete com frequência e afasta a atenção do espectador ao não criar uma expectativa por algo maior. O curioso é que o texto até usa uma intervenção narrativa de Clóvis em alguns momentos, alterando o ritmo e oferecendo informações interessantes que poderiam ser aproveitadas com mais frequência.

Logo no início do filme, por exemplo, há uma breve explicação sobre Victor Lustig, o homem que “vendeu” a Torre Eifell, em Paris, para justificar o golpe de Clóvis vender o Cristo Redentor. Essa piada, que poderia ser o foco principal da trama, se encerra num piscar de olhos, praticamente servindo apenas para despertar a curiosidade no trailer do filme.

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Filme brasileiro "Os Salafrários", da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

Da mesma forma, os golpes acabam por vezes envolvendo soluções parecidas e perdendo parte do charme. Durante boa parte dessas esquetes, a impressão que fica é de que o filme funcionaria muito bem se fosse uma grande pegadinha, algo similar a “Bad Trip”, também na Netflix.

Ao fim, “Os Salafrários” é uma comédia brasileira como tantas outras, com uma pegada de programa humorístico e uma suposta mensagem importante na conclusão. O filme se sustenta pelo conforto que proporciona, com situações conhecidas pelo brasileiro, e pelo carisma da dupla de protagonistas. Com um roteiro pouquíssimo inspirado, o filme até garante algumas risadas, mas é totalmente esquecível.

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