Lançado em 2013 para o PlayStation 3, "The Last of Us" foi o último grande jogo daquela geração de consoles. A jornada de Joel e Ellie em um mundo pós-apocalíptico cheio de monstros e bandidos é uma história profunda e com um dos melhores finais da história dos jogos. A narrativa do jogo criado por Neil Druckmann estava pronta para ser transformada em um filme ou uma série. Um filme chegou a ser "confirmado" para 2014, mas acabou no limbo até ser cancelado após um desentendimento entre Druckamnn e a Sony. Em 2020, a notícia dos sonhos para os fãs dos jogos: "The Last of Us" seria transformado em série pela HBO.
Quase três anos depois, "The Last of Us" está quase entre nós - a série estreia dia 15, às 22h, com exibição na HBO e disponibilização imediata na HBO Max. Na série, que terá episódios semanais, Pedro Pascal e Bella Ramsey vivem os protagonistas. O roteiro é de Craig Marzin, de "Chernobyl", que também assina a produção ao lado de Neill Druckmann.
Em entrevista, tanto Pedro quanto Bella dizem não ter jogado "The Last of Us" antes de serem escalados pela série. Segundo eles, Marzin pediu para que não jogassem, para que criassem seus próprios personagens em influência dos já estabelecidos pelo jogo. Ambos obedeceram... mais ou menos. Bella assistiu a gameplays na internet para conhecer o universo; já Pedro pediu um PlayStation à Naughty Dog, mas descobriu não ter habilidades com o "polegar". Quem se deu bem foram seus sobrinhos, que ficaram com o console.
Confira abaixo entrevista que os protagonistas deram para a divulgação da primeira temporada de "The Last of Us".
O que atraiu vocês em “The Last of Us”?
Pedro Pascal: A princípio, tenho que dizer que foi Craig Mazin (roteirista e produtor executivo, também responsável por “Chernobyl”) e a HBO. Eu não conhecia o jogo antes de aceitar o trabalho. Mas quando recebi os dois primeiros roteiros eu fiquei embasbacado. Foi muito revelador saber que o material original é uma imersiva experiência em jogo. Mas o roteiro de Craig e saber a qualidade da narrativa de que a HBO é capaz foram as razões iniciais. Depois foi só alegria.
Bella Ramsey: Os roteiros eram os melhores que eu já tinha lido e lê-los se tornou uma experiência quase espiritual para mim. Quando os novos eram entregues, eu tinha que estar no meu cantinho, onde ninguém falaria comigo, para lê-los e digeri-los. Eram muito bons. Eu realmente me sentia transportada por uma hora e acho que isso vai ser transportado perfeitamente para a TV. As pessoas terão uma oportunidade de serem transportadas para outro universo. Eu fiz sozinha um vídeo para a minha audição, e normalmente eu faço esses vídeos e me esqueço deles, 98% das vezes, me dissocio dos testes. Mas esse ficou na minha cabeça. Eu realmente queria estar na série porque é uma história ótima com ótimos criadores. Eu sabia que era um jogo, mas nunca tinha jogado, e me pareceu uma obra legal para participar. Foi ótimo trabalhar com um time incrível, incluindo o Pedro Pascal.
Bella, você escolheu não jogar o jogo para não ser influenciada pela Ellie de Ashley Johnson?
Bella: Sim. Eu fiz uma chamada de vídeo com Craig Main e Neil (Druckmann, criador do jogo e produtor da série) e eles me perguntaram se eu tinha jogado. Quando eu respondi que não, eles disseram “que permaneça assim”; eles queriam me “proteger” e evitar que eu me sentisse obrigada a copiar a Ellie da Ashley Johnson, uma personagem tão icônica. Acho também que foi uma questão de confiança. Eles disseram que Ashley e Troy Baker (que vive Joel nos jogos) não tinham nenhuma referência do que seriam Ellie e Joel, eles apenas eram. Sentia a Ellie como parte de mim, mas confesso que desobedeci às ordens e assisti a alguns vídeos de gameplay do jogo. Aquilo é fantástico, é um filme excelente. Foi bom ter essa referência.
Pedro, você gosta de jogos? Depois das filmagens teve a curiosidade de experimentar os jogos?
Pedro: Eu tinha as mesmas “ordens”. Craig me perguntou se eu tinha jogado e disse “que permaneça assim” também. Mas eu não obedeci muito e pedi à Naughty Dog (produtora do jogo) para me mandar um PlayStation. Eu tentei jogar com meus sobrinhos, mas eles perderam a paciência comigo e roubaram o controle das minhas mãos (risos). Eu não tenho nenhuma habilidade no polegar, mas eu amei a experiência. Na verdade, eu até agradeço à falta de habilidade porque eu não teria vontade nem de sair de casa, é um jogo muito imersivo, principalmente quando a história se desenvolve. Para mim, foi como estudar um material de origem de uma maneira diferente. Eu tinha que me envolver com o tom da narrativa e me inspirar nas atuações de Troy Baker e Ashley Johnson, além de todo o trabalho que o Neil Druckmann e a Naughty Dog fizeram, visualmente e na construção de um tom. Essa experiência me deu boas peças de quebra-cabeças pra adaptação, que foi incrivelmente realizada.
O quanto você gostou das cenas de ação, Bella?
Bella: Eu amo os dublês. Acho que se eu não fosse atriz, seria uma dublê de ação. Eu gosto de me testar, me levar fisicamente ao limite, então foi muito legal. No início, me disseram que teria alguma ação, mas não muita. De repente foram aparecendo cenas de ação e eu adorava lutar em um ambiente controlado no qual ninguém pode ser machucar. Era perfeito! Na verdade, eu até me machuquei… Não houve muito treino, eu praticamente fui “jogada” ali. Para cada cena, a gente fazia algumas horas de ensaio antes de ir para o set, mas em alguns momentos me diziam o que fazer e eu obedecia. Era bom porque eu não ficava pensando demais sobre a cena. A confiança que eles depositaram em mim ajudou muito.
Quão importante é o humor dos diálogos entre Joel e Ellie para amenizar o tom e ajudar a construir a relação deles?
Pedro: É bom que não estejamos juntos agora porque nossa habilidade de rir incontrolavelmente é infinita. Talvez pelo tema ser tão pesado, o humor entre eles é um suavizante, algo que amacia um homem duro, marcado. Para nós, a dedicação ao material que estamos vivendo foi uma maneira de Bella e eu nos entendermos... Normalmente através de muitas risadas.
Bella: Às vezes tinha muita risada, era quase doloroso. Desde o início, Ellie começa a tirar sarro de Joel, sendo sarcástica e tentando fazê-lo rir um pouco. Ela quase sempre fracassa, mas nunca desiste. Por isso, o momento em que ela tira a primeira risada dele, um sujeito rabugento, é um grande feito. É um aspecto muito doce da relação deles.
Que lembrança afetiva vocês têm das filmagens?
Pedro: Para mim, os ataques de riso. Era como um fungo contagioso saindo da garganta da Bella, a risada era brutal e estávamos em uma montanha, entre corpos e monstros.
Bella: Enquanto a gente estava conversando sobre os parentes mortos dos personagens, eu começava a rir e aquilo crescia. Outra lembraça foi um dia muito longo de filmagens… Você não estava lá, Pedro. Foi um dia pesado tanto emocional quanto fisicamente. Eu amei de uma maneira meio masoquista! Foi um dos meus dias favoritos, apesar de quão cansada eu estava. Foi muito bom ficar satisfeita com o que fiz.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.