“Plano de Aula”, filme polonês sucesso na Netflix, é praticamente “Um Tira no Jardim de Infância” (1990) para um público mais adulto. Dirigido por Daniel Markowicz, o o filme também tem um policial disfarçado em uma escola para encontrar criminosos, mas, ao contrário das trapalhadas de Arnold Schwarzenegger no clássico da “Sessão da Tarde”, no filme da Netflix, Damian (Piotr Witkowski) se infiltra numa escola de ensino médio para encontrar os responsáveis pela morte de um amigo e distribui muitos sopapos em todos que cruzam seu caminho.
É curioso como “Plano de Aula” se desenrola de forma linear e totalmente previsível, o que não é necessariamente algo ruim quando o espectador não busca ser desafiado. Damian é um protagonista “quebrado”, um sujeito que se martiriza pela morte da esposa e, depois, pela do amigo, que o procurou para ajudar no caso, mas o encontrou totalmente consumido pela autocomiseração.
É carregado de culpa que Damian se candidata à vaga de professor de História deixada pelo amigo e, mesmo sem ter nenhuma experiência dando aula ou sem ao menos ser professor, consegue o cargo. Na escola, o ex-policial fica famoso após um vídeo dele batendo em alguns capangas viralizar, monta uma espécie de academia de luta (com uma montagem que até lembra “Cobra Kai”) para os alunos, se envolve com uma professora que o faz lembrar da esposa e, obviamente, tenta desmascarar uma grande quadrilha de distribuição de drogas entre os alunos.
“Plano de Aula” não é ruim, mas é sempre superficial. Piotr Witkowski se sai bem nas cenas de luta, com algumas boas coreografias que sofrem com uma montagem preguiçosa e uma direção covarde. Apesar de bem construídas, as cenas de luta são quase sempre iguais e sem peso - todos os golpes são filmados da mesma forma, deixando claro tanto o ensaio para as cenas quanto a grande distância entre as pessoas envolvidas no embate.
Quase como um jogo, “Plano de Aula” tem uma estrutura de fácil assimilação. Todos os arcos, mesmo os pequeninos, terminam com Damian dando porrada em alguém. É bem verdade, resta pouco do filme além das cenas de luta. A trama é boba, a virada é previsível e a conclusão se aproxima do risível - sério, quando o último vilão “cai”, é impossível não rir da construção da cena, que beira o amadorismo.
O roteiro de Daniel Bernardi, que já trabalhou com Daniel Markowicz no irregular “Bartkowiak” (também na Netflix), é eficiente apesar da previsibilidade. O filme caminha como o esperado o tempo todo, preenchendo todo o bingo do cinema de ação da Hollywood dos anos 90 sem muito esforço. Com destaque total para as cenas de ação, todos os arcos do filme funcionam em função delas, com os conflitos sempre resultando em algum embate físico satisfatório, mas totalmente genérico.
“Plano de Aula”, ao fim”, é um bom passatempo, um filme de ação que busca uma ação convencional e entrega exatamente o que o espectador espera dele. É um bom filme? Não, passa longe disso, mas oferece entretenimento de fácil consumo e não à toa está entre os mais vistos da Netflix mundo afora.
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