Por onde anda Regina Duarte? Desde o episódio do “pum do palhaço”, pouco se ouviu falar da atual Secretária Especial de Cultura do Ministério da Cidadania. A atriz provavelmente deve estar arrependida de ter largado um contrato lucrativo com a Globo para fazer parte da equipe de governo cujo representante máximo não parece ter tanto apreço a ela.
A última notícia era de que a ex-atriz estava trabalhando de casa, em São Paulo, por fazer parte do grupo de risco da Covid-19 - ela tem 73 anos. O presidente teria sentido falta dela em Brasília, queria que ela “estivesse mais próxima” (palavras dele).
Nesta segunda, porém, ela “se manifestou”. Diante da trágica morte de Aldir Blanc, vítima do coronavírus, Regina enviou uma mensagem privada à família do compositor. Essa, aliás, tem sido uma prática da agora secretária, as mensagens privadas. Regina Duarte parece ter medo de expressar publicamente alguma espécie de carinho à classe artística, provavelmente receio de tomar alguma chamada do chefe - o governo, afinal, não pode estar alinhado à classe artística.
A única solidariedade que Bolsonaro prestou a um “artista” morto foi a Tales Volpi, o MC Reaça, que fez várias músicas favoráveis ao presidente desde a campanha, em 2018. Na ocasião, em junho do ano passado, o presidente escreveu “Tinha o sonho de mudar o país e apostou em meu nome por meio de seu grande talento. Será lembrado pelo dom, pela humildade e por seu amor pelo Brasil”. MC Reaça, cabe ressaltar, era discípulo de Olavo de Carvalho e foi denunciado por ter espancado sua amante antes de se matar.
Também nesta segunda, o corpo do ator Flávio Migliaccio foi encontrado no sítio em que morava, em Rio Bonito. Flavio tinha 85 anos e deixou uma carta para seus familiares com dizeres como “a velhice neste país é fo@#”, “a humanidade não deu certo”. Tudo indica que tenha sido suicídio.
Gabriela Duarte, filha de Regina, se manifestou em sua conta de Instagram, lembrando das vezes que atuou com Flávio em novelas como “Sete Pecados” e “Passione”. Sua mãe, no entanto, preferiu se manter publicamente silenciada apesar dela e Flávio terem trabalhado juntos em “Rainha da Sucata”, por exemplo.
Aldir era um dos grandes poetas da música brasileira, um gênio das palavras e um artista que merecia mais consideração da atual secretaria especial de cultura. Migliaccio, além de um grande ator com mais de 60 anos de carreira no cinema e na TV, era um colega de profissão. Antes, nas últimas semanas, Regina também não se manifestou sobre as mortes de Rubem Fonseca e Moraes Moreira, ícones da literatura e da música, respectivamente.
Sempre se soube que a cultura não era bem-quista pelo governo Bolsonaro, mas houve quem ao menos acreditasse que a presença de uma atriz na equipe levaria um pouco de sensibilidade à Brasília. Ledo engano. Regina, que “tinha medo” de uma vitória de Lula em 2002, agora teme desagradar o presidente Bolsonaro.
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