Um certo nível de estranheza e o fato de não fetichizar o sexo, tratando-o como algo normal, é o que tornou a primeira temporada de “Sex Education” tão especial. A comédia adolescente da Netflix mostra não ser necessário ofender para fazer humor e conta com um elenco excelente para dar vida às situações do roteiro. Todos eles estão de volta agora, com a segunda temporada da série que chegou sexta (17) à plataforma.
As coisas mudaram um pouco em Moordale desde o fim da primeira temporada. Otis (Asa Butterfield), que antes não conseguia se masturbar, agora tem problemas para controlar sua excitação. Enquanto lida com isso, dá continuidade ao seu namoro com Ola (Patricia Allison), mas Maeve Wiley (Emma Mackey) logo retorna para amarrar algumas pontas soltas e se colocar entre o casal.
O primeiro episódio começa com um surto de DST na escola. A histeria coletiva toma conta de alunos e pais, forçando a direção a tomar a atitude de rever a educação sexual na grade curricular - é aí que entra a Dra. Jean Milburn (Gillian Anderson), mãe de, que ganha participação ativa na escola e, consequentemente, mais espaço na série. Além de lidar com o filho e os deveres na escola, Jean também lida com seus próprios problemas amorosos e se envolve na vida de outros personagens.
Uma novidade interessante de “Sex Education” em sua segunda temporada é que o roteiro dedica mais tempo aos adultos - o núcleo familiar dos Groff, por exemplo, ganha destaque em tela explorando tanto Adam (Connor Swindells), ainda lidado com o desfecho do primeiro ano no colégio militar, quanto a vida de seus pais.
Quem também ganha mais tempo de tela é Ola. A escolha de desenvolvê-la é interessante, pois o espectador passa a conhecer melhor a personagem e a entender a dor de Otis. O roteiro a coloca em um núcleo com a esquisitona Lily (Tanya Reynolds) e isso funciona a favor das duas.
A temporada deixa um pouco de lado alguns dramas típicos de colegial para entrar em discussões um pouco mais maduras e em uma narrativa não tão fácil, mais focada individualmente nos personagens e menos na concepção dos grupos de jovens. A segunda temporada nos faz lembrar quão difícil é ser adolescente, lidar com inseguranças, amores, amizades e pressões - sejam elas familiares, de amigos ou em relações amorosas.
“Sex Education” se destaca por criar protagonistas falhos. Assim conseguimos nos identificar com os erros e as escolhas deles. As questões sexuais obviamente estão novamente presentes, mas não são o foco principal como no primeiro ano. Ao invés disso, a segunda temporada foca os relacionamentos construídos na primeira e desenvolve seus personagens individualmente. A série amadurece em seu segundo ano e entrega uma jornada mais dura e menos romantizada a seus espectadores - envelhecer, afinal, nunca é simples.
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