O nome de Taylor Sheridan talvez não desperte os radares dos fãs de cinema, mas já deveria fazê-lo. De ator coadjuvante em séries como “Sons of Anarchy” e “Veronica Mars”, Taylor se tornou um dos roteiristas mais cobiçados de Hollywood após os roteiros de “Sicário” (2016), de Denis Villeneuve, e “A Qualquer Custo” (2016), de David Mackenzie, pelo qual foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original. O cineasta ganhou destaque recentemente como criador de séries como "Yellowstone" (e todos os derivados) e "Tulsa King", ambas disponíveis na Paramount+.
Primeiro filme de destaque de Taylor como diretor, “Terra Selvagem”, está entre os mais vistos da Netflix após uma trajetória bem discreta nos cinemas nacionais. O filme, também escrito por ele, encerra o que Sheridan chama de sua “trilogia das fronteiras” – “Sicário” e “A Qualquer Custo” traziam o México, já o novo filme fala sobre o território indígena.
Baseado em histórias reais, “Terra Selvagem” se passa em uma pequena cidade gelada do Wyoming. Lá o caçador Cory (Jeremy Renner) ganha a vida caçando animais selvagens que ameaçam a população ou os animais dos fazendeiros. Quando ele é chamado para encontrar um leão selvagem dentro da reserva indígena de Wind River (título original do filme), ele acaba se deparando com o corpo de uma jovem no local.
Antes de mergulhar na história, é preciso entender que as reservas indígenas têm suas próprias leis e polícia – um crime ocorrido lá dentro, por exemplo, só pode ser investigado por órgãos externos (só o FBI) se for gravíssimo. Isso faz com que os índices de violência disparem nas reservas; a maioria sem qualquer registro.
Taylor cria um ambiente inóspito para seu filme. Desde sua primeira tomada fica claro que a vida naquela comunidade não é fácil. Fica claro, também, que se há alguém capaz de sobreviver ali, este é Cory. O roteiro desenvolve o personagem com agilidade, mas sem forçar a barra. Logo somos apresentados à sua família e a seus dramas pessoais.
Jeremy Renner, em excelente atuação, mostra como dar vida a um personagem com um peso nas costas e não perder o tom; um diálogo de Cory com o pai da jovem morta resume sua atuação.
A agente vivida por Elizabeth Olsen também é interessante, com sua insegurança e certa ingenuidade. Ao lado de Cory, ela parte em busca da solução para o crime. A trama não é tão ágil, mas sua tensão é sempre crescente e reforçada por uma edição inteligente.
Ao final, quando o filme explode em seu clímax, a sensação é de recompensa. A jornada, apesar de pesada, é satisfatória – “Terra Selvagem” não brinca com as emoções do espectador, mas tampouco deixa de mexer com elas.
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