Em entrevista ao Hollywood Reporter na última semana, a atriz Kaley Cuoco falou sobre seu estranhamento ao protagonizar a primeira cena de sexo em sua carreira, para “The Flight Attendant”. Após 12 temporadas como Penny em “The Big Bang Theory”, a vizinha dos sonhos para qualquer “nerd” fã da série, a atriz de 35 anos busca outros rumos na carreira justamente para não ficar eternamente estigmatizada por um papel tão longevo, mas sofre com a expectativa dos fãs de uma série tão popular.
Inédita no Brasil apesar de ter sido lançada nos EUA e na Europa em novembro de 2020, “The Flight Attendant” é uma das principais atrações do HBO Max, serviço de streaming que chega nesta terça (29) ao Brasil. A série foi escolhida a dedo por Cuoco, que adquiriu seus direitos antes mesmo de o livro de Chris Bohjalian, no qual a série se baseia, ser publicado.
A atriz vive Cassie, uma comissária de voo disposta a aproveitar a vida como pode, de voo em voo, a cada nova cidade, em cada novo país. Uma alcoólatra funcional, em um voo ela flerta com o bonitão Alex Sokolov (Michael Huisman) a caminho de Bangkok. Na capital da Tailândia, acaba quebrando a regra a de não se envolver com passageiros de seus voos e passa uma noite divertidíssima com Alex. Na manhã seguinte, porém, acorda em uma cama ensopada de sangue e com o bilionário com a garganta aberta ao seu lado.
Sem se lembrar de nada, Cassie limpa a cena do crime e deixa o hotel para pegar seu voo de volta aos EUA, mas ela logo se torna alvo de investigação do FBI e também passa a ser perseguida por criminosos misteriosos - Alex poderia estar envolvido em um grande esquema com gente muito poderosa envolvida.
O primeiro episódio, que dá o tom de toda a série, é excepcional, cheio de pistas e truques visuais, mas embalado muito pela entrega da Kaley Cuoco, uma atriz com ótimo tempo cômico e confere o tom da série. Aos poucos, Cassie começa a reconstruir a fatídica noite com a “ajuda” de Alex, que começa a aparecer para ela nos momentos mais inoportunos. Em um primeiro momento a supervalorização do relacionamento entre ambos parece forçada, mas logo esquecemos e curtimos a jornada.
“The Flight Attendant” funciona muito bem quando aposta no mistério com pegada de thriller cômico, com coadjuvantes interessantes dando outras camadas à história. Melhor amiga de Cassie, Annie (Zosia Mamet) se torna sua advogada quando as coisas apertam e a relação das duas ajuda também na construção da protagonista, papel também cumprido por Davey (T.R. Knight), irmão de Cassie. Em contrapartida, todo arco de Megan (Rosie Perez), colega de trabalho de Cassie, é desinteressante. A personagem ganha uma subtrama própria que até se conecta à principal, mas é totalmente desnecessária.
A primeira temporada tem momentos bem distintos em seus oito episódios - os atos de introdução e de conclusão são ótimos, mas há um momento no meio da história que a quebra de ritmo e o excesso de sequências no subconsciente de Cassie incomodam e parecem não levar a lugar algum. Essas sequências, vale ressaltar, têm função relevante para compreendermos a personagem, mas poderiam ser mais bem distribuídas ou até mesmo condensadas.
“The Flight Attendant” é muito bem feita, com uma montagem ágil, senso estético interessante e um texto divertido. A escolha de atores com forte veia cômica se mostra acertada para o estilo do roteiro. A Cassie de Kaley Cuoco é um festival de equívocos e leva isso para sua investigação, que caminha por caminhos e escolhas muito tortos, como em uma comédia de erros. Ela sempre dá um jeito de se livrar da culpa ou de assumir a responsabilidade por seus atos - também não entende ter um problema com álcool. Os flashbacks à sua infância, mesmo repetitivos, têm a função de desconstruir a imagem que ela tem de si mesma, uma descoberta simultânea à do espectador.
Vendida inicialmente como uma minissérie, “The Flight Attendant” foi muito bem recebida e garantiu uma segunda temporada logo depois de sua estreia. A aposta de Kaley Cuoco para o próximo passo em sua carreira foi acertada e o resultado é uma série divertida, com um humor seco e às vezes cruel, mas que ainda assim é capaz de surpreender com alguns caminhos não tão convencionais. Ao fim, é uma série fácil, uma mistura comédia de mistério que deve cair no gosto dos assinantes HBO Max no Brasil.
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