Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

"The Last Kingdom: Seven Kings Must Die" é bom final para a saga de Uhtred

Lançado pela Netflix, filme "The Last Kingdom: Seven Kings Must Die" conclui a saga de Uhtred e dá um final digno à popular série "The Last Kingdom"

Vitória
Publicado em 14/04/2023 às 21h41
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Filme "The Last Kingdom: Seven Kings Must Die", da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

Durante cinco temporadas, “The Last Kingdom” adaptou as crônicas saxônicas de Bernard Cornwell para as telas. Cada temporada da série adaptava dois livros de Cornwell e, mesmo sem a brutalidade e principalmente a sujeira do material original, “The Last Kingdom” se consolidou como uma das melhores narrativas do gênero.

A jornada de Uthred (Alexander Dreymon), um saxão criado entre daneses, em meio ao processo de unificação da Inglaterra finalmente chega ao fim com “The Last Kingdom: Seven Kings Must Die”, filme lançado pela Netflix com o intuito de encerrar a história da série de forma digna.

Dirigido por Edward Balzalgette, diretor de vários episódios da série, “Seven Kings Must Die” tem mais acertos do que erros. O filme tem início com a morte do rei Eduardo e uma possível invasão danesa ao reino de Nortúmbria. Aethelstan (Harry Gilby), herdeiro do trono, está em uma peregrinação “pela saúde do pai” ao lado de seu conselheiro, Ingilmundr (Laurie Davidson), deixando o reino desprotegido e se tornando um alvo fácil. A solução, claro, é chamar o pagão Uhtred para mais uma vez cumprir seu juramento.

Ao contrário de “Luther: O Cair da Noite”, um filme feito para quem nunca havia assistido a um episódio sequer de “Luther”, o filme de “The Last Kingdom” é direcionado aos fãs. Assim, não há explicações sobre quem são os protagonistas e qual a relação entre eles, apenas uma introdução falando sobre os anos de guerras entre saxões e daneses, com vários homens que queriam ser reis, e sobre a frágil paz “conquistada” por Uhtred. Vamos direto para Nortúmbria, terra de Uhtred e o último reino danês a ainda não ter jurado lealdade aos saxões, e o filme já começa a se movimentar com planos e invasões.

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Filme "The Last Kingdom: Seven Kings Must Die", da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

“The Last Kingdom: Seven Kings Must Die” tem tudo o que se espera da série: traições, tramas para matar o rei, Uhtred sendo convocado, Uhtred sendo considerado um traidor, Uhtred mostrando que não é traidor, uma grande e muito violenta batalha. É ótimo voltar ao universo de “The Last Kingdom” e reencontrar diversos personagens, mas, se analisado como uma obra independente, o filme carece de muito desenvolvimento, e é bom deixar avisado.

Sem se preocupar muito em desenvolver personagens e relações já construídas ao longo de cinco temporadas, “Seven Kings Must Die” se apressa na trama e às vezes se atropela para dar conta de tudo. A sensação é de que a história do filme seria contada em uma meia temporada da série, em quatro ou cinco episódios. O roteiro traz um arco fechado, introduzindo novas ameaças e novos contextos “políticos” do jogo de poder da Inglaterra medieval. “The Last Kingdom” sempre foi uma história sobre a unificação da Inglaterra, e essa mistura de fatos e ficção, uma de suas características mais legais.

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Filme "The Last Kingdom: Seven Kings Must Die", da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

O filme, com roteiro de Martha Miller a partir do texto de Cornwell, apresenta diversos personagens reais, os tais reis do título, antes de alcançar seu clímax na histórica Batalha de Brunanburh, um dos grandes marcos da unificação da Inglaterra. É interessante como a série, ao construir o fictício grupo de Uhtred com daneses, ingleses, irlandeses, cristãos e pagãos, já indicava a possibilidade de unidade que os poderosos da série nunca foram capazes de enxergar.

A pressa com que a história se movimenta e se resolve incomoda, pois nunca há tempo para sentir os momentos dramáticos ou absorvê-los - o texto está sempre pronto para a próxima parada, pois precisa de velocidade para se encerrar de maneira minimamente satisfatória sem deixar nada pelo caminho.

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Filme "The Last Kingdom: Seven Kings Must Die", da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

“The Last Kingdom: Seven Kings Must Die” é uma boa conclusão para a série e curiosamente a afasta dos livros de Cornwell, se encerrando cronologicamente antes dos romances e provocando a subjetividade do espectador. Ao quase se atropelar para contar sua história, o filme deixa a impressão de que o encerramento é precoce e que mais uma temporada seria uma escolha melhor. Ainda assim, o final pelo menos é satisfatório.

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