Cinco anos após a queda do Império, as coisas estão diferentes no universo “Star Wars”; stormtroopers com armaduras desgastadas fazem guarda para um homem misterioso que carrega o símbolo do Império no pescoço. Como boa parte das organizações malignas no universo da cultura pop (e também na vida real), talvez o Império não esteja tão destruído assim.
“The Mandalorian”, que estreou nesta terça-feira (12/11) junto ao serviço Disney+ nos EUA e outros países de língua inglesa (no Brasil o serviço só chega oficialmente em novembro de 2020), dá continuidade ao universo “Star Wars” com a trama se passando cinco anos após “O Retorno do Jedi” (1983). O foco, obviamente, é um mandaloriano caçador de recompensas (Pedro Pascal).
No episódio piloto acompanhamos o protagonista em uma caçada misteriosa - e nada mais será dito sobre a trama (até porque o episódio não revela muita coisa mesmo). O clima de western espacial deve dar o tom de todos os oito episódios da primeira temporada e funciona muito bem. O mandaloriano é um solitário que vaga por planetas em busca de recompensas, um cavaleiro sem rosto e sem nome, mas que talvez esbarre em propósito maior.
A série tem produção impressionante para um programa de televisão, levando a grandiosidade de “Star Wars” para um universo diferente, ainda mais episódico e normalmente com menos recursos. A solução do criador (e produtor executivo/roteirista) Jon Favreau é tentar utilizar o máximo possível de efeitos práticos e deixar a computação gráfica apenas para o essencial. Assim, “The Mandalorian” tem ares mais simples, que lembram os primeiros filmes, com personagens completamente feito com maquiagem interagindo com humanos (ou algo do tipo).
O episódio dirigido por Dave Filoni ("Rebels", "Guerras Clônicas") tem uma aridez que remete a “Star Wars: Uma Nova Esperança” (1976), com ruas vazias, cenários desesperançosos, criaturas nas ruas, cantinas… São várias as referências ao filme hoje conhecido como “Episódio IV” . “The Mandalorian” também se beneficia de Pedro Pascal. Mesmo sem mostrar o rosto, o mandaloriano tem personalidade; as poucas e pontuais palavras, junto com suas entonações, ajudam a criar uma identidade para ele.
Ao mesmo tempo que exala a identidade de “Star Wars”, a série também grita “Disney”. As cenas de ação são limpas e algumas delas ficam só na sugestão - o que significa que ela deve seguir o padrão Disney de, por exemplo, Greedo atirar primeiro em Han Solo no filme de 77, uma mudança (mantida pelo Disney+) feita para tirar a malícia de um “herói”. O personagem que aparece nas primeiras cenas também parece deslocado do resto do universo, mas é detalhe.
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“The Mandalorian”, em sua estreia, mostrou identidade e despertou interesse do público. A questão é saber como o roteiro seguirá daqui para frente: será que vai conseguir se afastar de personagens clássicos, das situações repetidas? Será que “Star Wars” vai, enfim, sobreviver sem Skywalkers e agregados? As animações “Rebels” e “Guerras Clônicas” já mostraram que é possível expandir o universo criado por George Lucas, vamos ver como o mandaloriano se sairá.
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