Desde o título, “Tudo de Novo, Mais Uma Vez” já se entende como uma repetição. O filme sueco lançado pela Netflix reúne duas fórmulas diferentes em um filme seguro do início ao fim, pouco ousado, mas extremamente confortável.
“Tudo de Novo, Mais Uma Vez” é a estreia de Jonatan Etzler na direção, o que talvez justifique as escolhas convencionais do filme, mas isso não chega a ser um demérito. Quando de fato conhecemos Amelia (Hedda Stiernstedt), no dia de seu aniversário de 40 anos, a encontramos vivendo uma cidade pequena, trabalhando em uma loja de roupas e muito distante da jovem popular que fora outrora. Amelia é uma mulher nostálgica, sonhando com o passado e imaginando onde foi que errou em sua vida para que chegasse aos 40 tão infeliz.
Sim, Amelia vive a famosa crise da meia idade, mas algo acontece com ela e a faz voltar ao dia de seu aniversário de 18 anos. Como se não bastasse, ela logo descobre também que não apenas voltou ao passado, mas terá que viver aquele dia repetidamente até que descubra como voltar para o presente.
“Tudo de Novo, Mais Uma Vez” mistura fórmulas de obras como “De Repente 30”, “De Volta aos 15” e até mesmo “De Volta Para o Futuro” á estrutura de “Feitiço do Tempo”, “Bonecas Russas”, Palm Springs”, entre tantos outros. O filme da Netflix não apresenta novidades ao gênero, mas faz bem o que se propõe a fazer, com a repetição diária sempre oferecendo novidades para a protagonista.
É interessante como o filme mantém Amelia interpretada pela mesma atriz no presente e no passado, dando um clima meio surreal à narrativa e brincando com os costumes da época. Em sua rotina de repetições, Amelia inicialmente busca aquilo de que sentia falta, a popularidade, os amigos, os romances e a inconsequência da idade. Só quando percebe estar realmente presa no loop temporal é que ela se preocupa com o que a levou até ali e, principalmente, em como sair. É neste momento também que “Tudo de Novo, Mais Uma Vez” abandona um pouco o lado cômico e abraça um bom drama de reconexão com o que realmente importa, de escolhas e consequências.
Um dos grandes acertos de “Tudo de Novo, Mais Uma Vez” é ter ciência do que é e não tentar complicar a fórmula. Mesmo acompanhando uma personagem perdida, o espectador de sente confortável e logo entende o que o roteiro pede dela. Amelia precisa se reconectar com sua essência, entender seus erros e o que importa na vida e, principalmente, os motivos que a tornaram aquela adulta frustrada. Ainda assim, o texto deixa claro não se tratar de uma segunda chance para que ela faça as escolhas corretas, mas de uma oportunidade para se entender com as decisões tomadas pelo caminho.
Longe de ser brilhante ou inovador, “Tudo de Novo, Mais Uma Vez” é um filme rápido, divertido, confortável e com um arco específico bem interessante. O lançamento da Netflix provavelmente cairá no esquecimento, mas quem se importa? O filme sueco funciona para os mais nostálgicos, com várias referências ao início dos anos 2000, e também se preocupa em transmitir mensagens sem nunca ser piegas.
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