Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

"Upload", da Amazon Prime, volta ótima em segunda temporada

Após quase dois anos, "Upload" volta à Amazon Prime Video com segunda temporada com menos novidades, mas ainda com um bom romance cheio de humor e ficção científica

Vitória
Publicado em 09/03/2022 às 12h00
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Série "Upload", da Amazon Prime Video. Crédito: Amazon Studios/Divulgação

Quando “Upload” foi lançada pela Amazon Prime Video, em maio de 2020, cravei que era “a melhor série de comédia daquele ano”. Era início de pandemia, de isolamento, de trabalho remoto, uma fase de muitas incertezas na qual a série criada por Greg Daniels (“The Office”) serviu como um alento.

A primeira temporada de “Upload” apresenta um universo debochado cheio de frescor e possibilidades brincando no limite do absurdo, mas sempre mantendo o universo próximo da realidade. Além disso, a série trazia personagens interessantes em Nathan (Robbie Amell) e Nora (Andy Allo) e questões acerca do capitalismo, da dependência tecnológica e do que, afinal, nos faz humanos, tudo com muita leveza e muito humor.

Na segunda temporada, que estreia dia 11 de março (sexta-feira) na Amazon Prime Video, a história continua mais ou menos do ponto onde parou. Ingrid (Allegra Edwards) chega de surpresa a Lakeview para fazer companhia a seu amado, Nathan, enquanto Nora se isola do mundo em fuga e acaba envolvida com um grupo rebelde anti-tecnologia que pretende acabar com os serviços de upload como o Lakeview, ou seja, a “existência” de Nathan está em risco.

Enquanto o arco de Nathan é interessante logo de cara, com todas as possibilidades e inovações de Lakeview, a história de Nora não engrena imediatamente. Na comunidade em que se abriga, ela encontra um novo interesse amoroso, Matteo (Paulo Constanzo), e se envolve nas lutas do grupo - ela, afinal, tem conhecimento interno do funcionamento de um dos maiores alvos dos anti-tecnologias. Toda a dinâmica da comunidade, no entanto, é mal explorada, com conflitos que não entendemos exatamente de onde surgiram.

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Série "Upload", da Amazon Prime Video. Crédito: Amazon Studios/Divulgação

Já tendo apresentado seu universo na primeira temporada, “Upload” se esforça para se atualizar nos novos sete episódios. Assim, o texto cria a já citada trama dos rebeldes e algumas novidades tecnológicas em Lakeview, como a possibilidade de casais terem um bebê dentro com suas características naquele mundo, e também uma nova trama interna para Nathan e Luke.

Ingrid tem bons momentos como alívio cômico na temporada (e um papel importante na trama) e o mesmo acontece com Luke, com quem Nathan tem ótimas conversas. Apesar disso, a série continua se destacando quando aposta nos encontros e desencontros dos protagonistas, pois é na química de Robbie Amell e Andy Allo e nas questões sobre o amor de Nathan e Nora que “Upload” tem sua força.

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Série "Upload", da Amazon Prime Video. Crédito: Amazon Studios/Divulgação

Com uma temporada com menos episódios que a anterior, “Upload” parece meio apressada em seu terceiro ato - ao fim tudo se encaixa, mas ao custo de sacrificar alguns personagens como Matteo, que desaparece e retorna apenas quando o texto precisa dele para alguma virada no arco de Nora.

É também um pouco frustrante a falta de desenvolvimento de toda a história da conspiração que levou à morte de Nathan para evitar o lançamento de sua plataforma; ela até está presente na segunda temporada, mas de forma superficial e mais preocupada em preparar o terreno para a próxima leva de episódios. Isso, porém, não torna "Upload" menos atrativa.

Mesmo sem o frescor da temporada de estreia e apesar de alguns atropelos narrativos, “Upload” continua ótima. É interessante como o texto se utiliza de conceitos de ficção científicas pesadas ou histórias que marcariam em “Black Mirror”, por exemplo, para contar uma história de amor improvável e cheia de camadas. Assim, a série criada por Greg Daniels oferece o conforto das comédias românticas e a estética fantasiosa da ficção científica em um mundo de possibilidades infinitas, sempre utilizando-se do absurdo para fazer piadas, mas mantendo sua essência sustentada pelos sentimentos humanos.

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