Se você acha que um membro da família Sandler já é demais, imagine um filme com quatro Sandler! Recém-lançado pela Netflix, “Você Não Tá Convidada Pro Meu Bat Mitzvá” traz toda a família Sandler em uma comédia produzida pela Happy Madison, empresa de Adam, mas o ator aqui dá espaço para duas de suas filhas em uma comédia pré-adolescente divertida e bem construída.
O Bat Mitzvá é a cerimônia judaica na qual a menina, aos 13 anos, é apresentada como adulta na comunidade, nada muito diferente de uma festa de 15 anos, do “Sweet 16” ou das quinceañeras, apenas parte de uma cultura diferente. A contextualização é importante pois “Você Não Tá Convidada Pro Meu Bat Mitzvá” é um breve mergulho nas tradições do judaísmo.
O filme acompanha Stacy (Sunny Sandler) às vésperas de sua cerimônia. Filha do casal Bree (Idina Menzel) e Danny (Adam Sandler), ela estuda em uma escola de judeus e tem toda a sua vida social voltada para esse núcleo. Stacy não está entre as jovens mais populares da escola e tem uma paixonite adolescente por Andy (Dylan Hoffman), o bonitinho popular, mas ele não dá muita bola para ela. As coisas mudam quando ela descobre que sua melhor amiga, Lydia (Samantha Lorraine), também é a fim de Andy, momento em que a frase do título do filme ganha as telas e tudo passa a se conectar.
“Você Não Tá Convidada Pro Meu Bat Mitzvá” é um filme bem-humorado, com bons diálogos e uma ingenuidade típica da adolescência. Ainda assim, o texto é esperto ao se conectar a novos contextos (algo que o próprio Adam Sandler nem sempre faz) e colocar as mulheres no centro da narrativa. O fato de o filme ser dirigido por Sammi Cohen, uma mulher judia, ajuda muito na construção de universo e principalmente na compreensão do drama vivido por Stacy. Da mesma forma, o roteiro de Alisen Peck e Fiona Rosenbloom acerta ao tratar tudo com seriedade, respeitando as dores da protagonista, mas também de forma meio ridícula, para que o espectador possa dar risada de tudo aquilo.
Apesar dos outros Sandler em tela, o filme é de Sunny. Stacey está naquela fase em que tudo ganha grandes proporções, como se fosse o fim do mundo, mesmo podendo ser resolvido com certa facilidade. O conflito principal, a briga entre ela e sua melhor amiga, é bem trabalhada, alimentada pelo texto em pequenas doses, e explode no momento certo, que abre o terceiro ato do filme. Em pequenas participações e nunca muito escrachadas, Adam Sandler funciona como bom coadjuvante ao lado de Idina Menzel e de Sadie, sua filha mais velha.
As particularidades do mundo judeu, sempre transformadas em piadas por atores e comediantes como Jerry Seinfeld, Lenny Bruce, Sarah Silverman, Andy Samberg e o próprio Adam Sandler, são a assinatura autoral de “Você Não Tá Convidada Pro Meu Bat Mitzvá”. O filme respeita as tradições, a religiosidade dos personagens e leva as cerimônias a sério, mas também mostra como tudo é meio brega e exagerado. Esse estilo fica escancarado nas figuras do Dj Schmuley (Ido Mosseri) e da rabina Rebecca (Sarah Sherman), dois personagens exageradamente caricatos que funcionam como um alívio cômico mais escrachado.
“Você Não Tá Convidada Pro Meu Bat Mitzvá” é uma divertida história de amadurecimento que não subestima a inteligência de seu público ou ridiculariza os dramas adolescentes. O filme estrelado pela família Sandler não é incrível, mas nem tenta ser – é justamente por isso, por ser tratado com leveza e não se levar tão a sério, que a comédia de amadurecimento funciona como deve funcionar.
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