Crítico de cinema e colunista de cultura de A Gazeta

"Zumbilândia 2" repete primeiro filme, mas ainda funciona

Lançada dez anos depois do filme original, nova comédia de zumbis traz personagens em nova aventura

Publicado em 27/10/2019 às 06h00
Atualizado em 27/10/2019 às 06h00
Zumbilândia 2: Atire Duas Vezes. Crédito: Sony/Divulgação
Zumbilândia 2: Atire Duas Vezes. Crédito: Sony/Divulgação

Quando “Zumbilândia” foi lançado, lá em 2009, zumbis já tinham renascido (com o perdão do trocadilho) com “Madrugada dos Mortos” (2004), de Zack Snyder, mas não eram tendência absoluta - foi só no ano seguinte que “Walking Dead” chegou às telas. O filme de Ruben Fleischer era despretensioso, mudava a dinâmica dos filmes sobre os mortos-vivos, normalmente ligados ao terror ou ao suspense, e injetava aventura, humor e principalmente estilo ao universo que consagrou George Romero.

A jornada de Columbus (Jesse Eisenberg), Tallahassee (Woody Harrelson), Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin) no mundo dominado por zumbis era violenta, gore, mas tinha tudo isso aliviado pela estética pop. Fleischer confere ao filme elementos gráficos interessante (como as regras de Columbus) e uma narrativa ágil, com linguagem de memes bem antes deles se tornaram a força comunicativa de hoje.

A pequena Little Rock (Abigail Breslin) cresceu. Crédito: Sony/Divulgação
A pequena Little Rock (Abigail Breslin) cresceu. Crédito: Sony/Divulgação

Como o filme custou pouco (US$ 23 milhões) e lucrou quase quatro cinco vezes esse valor (US$ 102 milhões), uma continuação passou a ser discutido logo depois de seu lançamento. Entre um boato e outro, Emma Stone se tornou atriz cultuada, vencedora de um Oscar (“La La Land”) e indicada outras duas vezes; Jesse Eisenberg também foi indicado (“Rede Social”). Uma continuação para “Zumbilândia” com a mesma trupe parecia algo inimaginável, mas eis que estamos aqui, dez anos depois, escrevendo sobre “Zumbilândia 2: Atire Duas Vezes”, que traz todo mundo de volta.

Dez anos se passaram também no universo do filme e, como um dos personagens diz em determinado momento, “eles ficaram bons nisso”, ou seja, matar zumbis. Little Rock agora está crescida e quer descobrir o mundo, enquanto Columbus e Wichita passam por uma crise no relacionamento. Por motivos que não chegam a ser spoilers, eles caem novamente na estrada, onde encontram zumbis “evoluídos” (os apelidos para os zumbis também são ótimos e não serão revelados aqui).

O novo “Zumbilândia” continua divertido, mas não só não apresenta novidades relevantes em relação ao original como também repete algumas piadas e situações. O que garante algum frescor são as personagens de Rosario Dawson (Nevada) e Zoey Deutch (a patricinha Madison), além de bons momentos com os doppelgängers, uma singela “homenagem” a “Todo Mundo Quase Morto” (2004), de Edgar Wright..

A notícia boa é que tudo o que funcionou no filme de 2009 continua funcionando bem uma década depois. A química entre Jesse Eisenberg e Emma Stone é excelente, enquanto Woody Harrelson encarna os esterótipos de seu personagem com bom humor e canastrice. O texto também merece destaque, principalmente os diálogos afiados entre os protagonistas e pela maneira criativa como mata os zumbis.

“Zumbilândia 2: Atire Duas Vezes” não reinventa nada, mas entrega o que se espera dele: zumbis, violência estilizada e boas risadas. Rever o primeiro filme (disponível na HBO GO) é uma boa para se reacostumar com a dinâmica dos personagens e para se lembrar de alguns acontecimentos como o destino de Bill Murray, que volta a ganhar destaque. Vale a dica de não sair da sala antes do fim dos créditos - a piada é voltada para jornalistas acostumados com junkets (eventos de entrevistas organizados pelas distribuidoras), mas também funciona para os não iniciados.

NOTA: 7

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