Diante do cenário desta semana, hoje quero celebrar e enaltecer todas as mulheres gordas e pretas que dividem seus conhecimentos e experiências, e nos ensinam o verdadeiro significado de luta.
Que realidade é essa? Gorda e preta? O ativismo do corpo gordo sem dúvidas privilegia gordas e brancas? A gordofobia sofrida por uma gorda e preta nos leva a discussões diferenciadas sobre o assunto? Sem dúvidas, resposta positiva para todos os questionamentos. Tenho aprendido que quando o assunto é militância gorda e preta, estamos falando de outra realidade: de dor e oportunidades.
Posicionada como aliada na luta antirracista me cabe servir de palco e enaltecer vozes que com muita propriedade abordam sobre o assunto e compartilham suas experiências com sensibilidade e sensatez.
Quem são as gordas negras?
“Somos as silenciadas, desumanizadas e desautorizadas. Que não são interessantes para o movimento gordofóbico, para dar palestras, para os ensaios de fotos...”. Esse desabafo parte de Luana Carvalho, gorda ativista que em suas redes sociais aborda diariamente a necessidade de falarmos sobre o espaço que a militância gorda e negra merece.
O desabafo nos provoca um choque de realidade, pelo menos para mim, é inevitável não refletir e concordar! Qual representatividade gorda e negra encontramos nas passarelas do Vitória Moda? Ou nos eventos realizados nos shoppings, ou em campanhas publicitárias?
Como sempre abordo aqui, mulheres gordas tem conquistado seus espaços no mercado a cada dia, e ainda precisamos alcançar lugares que não alcançamos. Mas com as gordas negras, é outra história não é mesmo?
Luana complementa muito ao dizer que falar de acessibilidade e segurança do gordo negro, não importa quando se tem um movimento antigordofobia dominados por brancos.
Ser oprimido dentro de um movimento que em regra luta contra a opressão, é a sensação de nadar desesperadamente até a superfície e buscar pelo respiro de sobrevivência.
No ativismo gordo muito se tem a aprender, ouvir e conhecer. Falando sobre militância na moda, sempre questionamos a inacessibilidade de tamanhos grandes nas marcas, de tendências para corpos gordos, mas também falhamos em questionar a ausência de atuação de modelos e influenciadores negros.
Outra abordagem feita com muita propriedade é da influenciadora Mel Soares, reconhecida como uma das maiores 'Fat Fashions' do Brasil. Mel, como mulher gorda e negra, também ensina a necessidade de cobrar o posicionamento de marcas a respeito da luta antirracista. Além da importância e responsabilidade sociais que marcam possuem em contratar pessoas negras para integrarem suas equipes, visando oportunidade e acesso.
As gordas e pretas têm muito a dizer! Estamos preparados para ouvir?
Que nossos ouvidos não estejam atentos apenas nesse momento, mas que seja o início de novos hábitos, pensamentos e posturas. Acredito que 2020 já vem provando ser um tempo de revoluções. É o momento de se posicionar, racistas e gordofóbicos, de fato, não passarão.
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