Os últimos dias no Planalto têm sido marcados por momentos de extrema tensão e absoluta desordem com um presidente da República dominado por sucessivas explosões nervosas, quando, além de destempero, exibe total desconexão com a realidade do país. Não bastassem as crises moral, política e econômica, Jair Bolsonaro perdeu também as condições emocionais para conduzir o governo.
Segundo relatos, o mandatário está irascível, fora de si e mais agressivo do que nunca. Na última semana, o presidente mandou eliminar jornais e revistas do seu gabinete. Agora, contenta-se com o clipping resumido por um de seus subordinados. Mesmo assim, dispara palavrões aos borbotões a cada nova e frequente má notícia recebida.
Aos integrantes do núcleo político, Jair deixa transparecer que não lhe importa mais a opinião pública. Seu objetivo é seguir no posto a todo e qualquer custo e, se lograr êxito, punir aqueles que considera hoje seus mais ferozes inimigos. Especialmente os do Congresso. Na tática do desespero, oferece cargos e verbas para angariar apoios à sua causa, não se importando com o estouro do orçamento.
Um governante, ou mesmo um líder, é colocado à prova exatamente nas crises. E, hoje, ele não é nem uma coisa nem outra. A autoridade se esvai quando seu exercício exige exacerbar no tom, com gritos, berros e ofensas. Os surtos, os seguidos destemperos e a negação da realidade revelam um presidente completamente fora do eixo e incapaz de gerir o país.
A maneira temperamental de lidar com as situações não é nova, embora tenha se agravado nas últimas semanas. Publicamente, o presidente tenta disfarçar seu estado de ânimo atual. Mas nem sempre é possível deixar transparecer serenidade quando, por dentro, os nervos estão à flor da pele. Seus últimos discursos refletem a tensão reinante nos corredores do Palácio do Planalto.
Durante a campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro pagou para seus marqueteiros desenvolverem e disseminarem o nocivo “discurso do medo”. Não bastasse a repetição da retórica cretina da campanha eleitoral, o presidente disse nos últimos dias que o que está se vendo no país é um verdadeiro “nazismo”, sem lembrar que o discurso do “nós contra eles” foi gestado e cultivado por sua equipe.
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Leitora e leitor, o que você acabou de ler é uma reportagem de Sérgio Pardellas e Débora Bergamasco, publicada em uma revista de grande circulação nacional em 1º de abril de 2016. Onde você leu Jair Bolsonaro, no original estava escrito Dilma Rousseff. Troquei apenas os nomes para enxergarmos o abismo de diferença de abordagem de situações em que chefes do Executivo enfrentam pressões sociais e políticas, mas só a mulher é retratada como louca.
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