Maior formador de opinião sobre o mercado e gestão do luxo na América Latina, Carlos Ferreirinha faz previsões para o segmento pós-pandemia. "A ostentação é característica do consumidor e não do luxo. Mas possivelmente teremos menos consumidores ostentando no período pós-Covid". Para ele, a pandemia trouxe o maior impacto da história da profissionalização do mercado de luxo dos últimos 35 anos. "Os maiores se tornarão mais fortes e as marcas mais fracas ficarão ainda mais fragilizadas. Mas não somente no luxo, no mercado como um todo", diz o especialista. Confira o bate-papo sobre como ficará o luxo pós-Covid.
Como um especialista no assunto, o senhor já consegue fazer algumas previsões do que se transformará o mercado de luxo após a pandemia?
Entre as características do mercado da atividade do luxo estão a resiliência, espírito de transformação, renovação contínua e superação. a pandemia trouxe o maior impacto da história da profissionalização do mercado de luxo dos últimos 35 anos. Os maiores se tornarão mais fortes e as marcas mais fracas ficarão ainda mais fragilizadas. Mas não somente no luxo, no mercado como um todo, O luxo deverá deixar mais claro seus propósitos e possivelmente reformatar o diálogo com o consumidor.
Passada essa onda, o luxo se descolará, cada dia mais, da ostentação? Ou não?
A ostentação é uma característica do consumidor e não do luxo. A mesma caneta, carro, bolsa, bebida pode ser usada por clientes distintos. Um passa discrição e outro, pode passar ostentação. Ou seja, não são as marcas. A ostentação é uma característica importante de consumo para o luxo. Mas possivelmente teremos menos consumidores ostentando nesse período pós-Covid. Mas, não acho que será quebra e ruptura completa.
E o turismo de luxo após o coronavírus? Teremos outro conceito de viagem de luxo?
O mundo terá novos desafios e o turismo também. Os novos protocolos de higiene, segurança, voos e deslocamentos serão complicados na fase de retomada. Mas, viajar faz parte da vontade intrínseca humana. Iremos nos adaptar aos novos procedimentos. O que vejo na retomada é justamente o crescimento das viagens de luxo cada vez mais exclusivas e especiais.
Ficará mais fácil para o Brasil "disputar" com o mercado de luxo externo, pós-pandemia?
Não diria mais fácil, mas uma nova janela de oportunidade se abrirá para o Brasil. Não se trata apenas das fronteiras fechadas, do passaporte de saúde, o dólar super alto. O Brasil tem outras questões que complicam como infraestrutura, violência, mas definitivamente, não exportaremos viajantes brasileiros. E isso cria uma oportunidade que poderia e deveria ser aproveitada.
Grandes grifes do luxo mundial estavam flertando com conceitos de sustentabilidade ainda antes da Covid-19. Será que agora decola? Ou elas têm outra estratégia?
Deve decolar para todos, mas em ritmo mais lento. Isso custa caro, é oneroso. E nesse momento com quebras gigantes de faturamento, tudo terá outro ritmo.
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