A advogada capixaba Suellen Perdigão, 43, vive há três anos, na Toscana, Itália, ao lado do marido, o italiano Stefano Paolini e os filhos Felippo e Mariana. Ela assistiu de perto o crescimento da pandemia do coronavírus no país, um dos epicentros da doença na Europa. Segundo ela, a situação do Brasil agora está exatamente como a da Itália, em fevereiro. "Uns com pânico, outros achando um exagero". Mas ela recomenda: "se cuidem, fiquem em casa, o contágio é incrivelmente rápido", diz a advogada, cuja família não foi atingida pelo coronavírus.
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Qual a sensação por ai?
A Itália foi um dos primeiros países a divulgar um caso positivo de coronavírus na Europa, em fevereiro isso era uma novidade e tudo parecia exagerado, a sensação hoje é de que tudo que está sendo feito ainda parece não ser o bastante. Mas agora as pessoas estão bem conscientes.
Você tem saído de casa?
Desde que o contágio saiu do território Chinês já evitei aglomerações e desde quando o Governo fechou as escolas ficamos em casa, porque não são férias, é uma emergência. Mas desde quinta-feira 12/03 um novo Decreto determinou que as saídas fossem restritas somente às necessidades.
Como tem sido a rotina de trabalho e estudo?
Eu recebi a conclusão do meu Mestrado em 7 de fevereiro, quando a situação ainda estava teoricamente calma, mas as aulas foram suspensas desde o dia 4 de março, os alunos estão recebendo deveres por WhatsApp e tendo aulas on-line.
Tem clima de pânico?
A situação daí agora está exatamente como aqui em fevereiro, uns com pânico, outros achando um exagero e as desinformações e divergência de opiniões técnicas são as piores coisas, porque nem Governo, nem classe médica e nem a população conseguem ter uma única linha de raciocínio e comportamento. Aqui, depois da restrição de saída às ruas as pessoas parecem estar mais seguras em relação ao vírus.
Você está com medo?
Não, porque estou fazendo minha parte desde antes das ordens do governo, estamos cooperando quando ainda eram orientações. Isso pode salvar muitas vidas e evitar a saturação do sistema de saúde.
As ruas estão vazias? Como funciona o comércio?
Ruas vazias e comércio fechado, somente serviços essenciais como supermercados, farmácias, bancos e algumas fábricas.
E os eventos, todos cancelados?
Todos. Essa foi umas das primeiras medidas.
O que tem a dizer pra quem está aqui ?
Que é melhor prevenir, usar as medidas tomadas na Itália como exemplo, melhorar no que for possível o tempo de ação e se adiantar. Aqui foi feito exame quase que em massa, por isto tem-se um número alto de contagiados registrados, dando um parâmetro mais claro a todos. O mais importante é a população cooperar, porque o hospitais não suportam e perderemos médicos e enfermeiros, eles também poderão morrer. Temos que pensar no pior, porque nenhum país tem o sistema de saúde preparado para receber tantos doentes ao mesmo tempo. O contágio é incrivelmente rápido.
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