Na última sexta-feira (18), profissionais de saúde do hospital da Unimed Vitória, em Vitória, ES, fizeram um ato simbólico para celebrar as 500 altas de paciente Covid -19. O ato, com o tema "500 vidas e histórias que continuam", emocionou médicos, enfermeiros e demais profissionais da área, que está há 120 dias na linha de frente do combate ao coronavírus no ES.
Entre tantos profissionais emocionados, uma médica chamou a atenção: a Dra. Luciana Passos, infectologista e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. Ela é a responsável por todos os protocolos contra Covid dentro da Unimed Vitória. Trabalhando de 12 a 14 horas horas por dia, Luciana teve medo, mas não de morrer. "Tive medo de ter falhado e de colocar colegas sob risco. Medo de ter orientado alguma conduta que deixasse o paciente mais vulnerável. Tinha medo de perder vidas. Mas medo de morrer nunca tive. Nem quando fiquei doente de Covid-19", conta.
Dra. Luciana Passos
Infectologista e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Unimed Vitória
"No começo, eu não conseguia sair do hospital. Ficava lá de 12 a 14h por dia escrevendo protocolos, participando das reuniões, passando visitas para discutir casos dos nossos pacientes com os colegas. A sensação era de que, se eu fosse embora, iria perder o controle e perder pessoas. Voltava para casa sempre após 21h e chorava durante todos o trajeto."
Desde o início da pandemia, Luciana estava certa "de que venceríamos". "O medo era de transmitir esse vírus para alguém mais frágil, e por isso me afastei de todos. Família e amigos, só os do hospital. Chegando em casa, fazia todo ritual de cuidados, comia algo e estudava até a hora que meus olhos conseguiam ler".
Dra. Luciana Passos
Infectologista e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Unimed Vitória
"Hoje sinto que valeu a pena. Continuo chorando ao voltar para casa. Choro porque ainda vejo pessoas morrendo, embora muito menos, graças a Deus. Choro porque ainda vejo pessoas desrespeitando a própria vida e a vida do outro, desafiando o vírus ao invés de enfrentá-lo de forma responsável. Sou uma chorona mesmo. Mas é a forma que encontro de lavar a alma..."
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