O gasto de combustível nos veículos é um tema bastante rotineiro, que está constantemente sendo pesquisado pelos fabricantes e, também, é um fato que determina a escolha do carro no ato da compra.
Certo é que os diferentes tipos de combustíveis orientam as escolhas de acordo com a necessidade de uso de cada veículo. Isso significa dizer que, se o automóvel é utilizado em aplicativo de transporte, por exemplo, o tipo de combustível menos oneroso será aquele que orientará a escolha do motorista, gerando, por consequência, maior rentabilidade em sua atividade profissional. É nesse cenário que a escolha pelo gás natural veicular, conhecido pela sigla GNV, em muito já protagonizou a escolha do veículo.
Por outro lado, se o veículo é utilizado em locais com geografia acidentada, zonas rurais sem pavimentação, com necessidade de emprego de maior potência no transporte de cargas, por exemplo, a escolha de um veículo movido a diesel pode ser a que melhor se adequará a essa realidade.
E hoje o objetivo do nosso artigo é trazer para os amigos leitores de A Gazeta a seguinte reflexão: “Carro a gás ainda é um bom negócio?” Vamos, então, encaminhar o assunto para trazer as nossas contribuições para essa resposta.
O GNV é um tipo de combustível que é produzido por meio de gás natural e utilizado em veículos automotores. Esse tipo de combustível é considerado muito mais limpo e econômico do que outros tipos de combustível, como a gasolina e o diesel.
Além do aspecto econômico, há, ainda, a sustentabilidade no uso desse tipo de combustível, já que o gás natural é um tipo de energia limpa e renovável, muito abundante em diferentes partes do mundo. E sabedores que as fontes esgotáveis de energia são uma preocupação para a nossa humanidade, o uso do gás natural veicular alcançou lugar de expressão em nosso mercado.
A complexidade, de certo modo já superada em nosso país diante das construções já realizadas, está na condução do gás por dutos, desde a extração de fontes naturais até os postos de combustíveis. Lá, é armazenado em cilindros ou em tanques pressurizados e, ao fim, permite o abastecimento a partir da mangueira plugada no cilindro do veículo.
Se, por um lado, os pilares da economia e da sustentabilidade, até então, eram preservados, por outro lado o uso do GNV sempre trouxe ao motorista limitações quanto à disponibilidade de uso do porta-malas e, também, a demanda de manutenção, revisão e inspeção de itens relacionados ao veículo adaptado a esse tipo de combustível.
E quando eu falo que, até então, o pilar da economia era preservado, quero dizer que a realidade vivenciada nos dias atuais não nos permite permanecer com esse mesmo pensamento.
Isso porque, com a guerra na Ucrânia e a redução da disponibilidade do fornecimento do recurso natural, o custo de produção desse tipo de combustível em muito foi elevado e, consequentemente, chegou até as bombas dos postos de combustíveis, atingindo, financeiramente, a performance outrora vivenciada pelos proprietários dos veículos movidos a GNV.
Abaixo, então, vou responder a algumas dúvidas sobre o atual momento do GNV em nosso mercado de automóveis:
1) Está valendo a pena usar GNV no atual momento?
No momento, a resposta é não. E explico o porquê. O litro da gasolina está custando, aproximadamente, R$ 5,50. Já o GNV está em torno de R$ 5,00. Os preços dos combustíveis, uma vez estando vizinhos, geram, como consequência, a desvantagem no uso do GNV. Isso porque, um litro de gasolina alcança a autonomia média de 10 km. Por sua vez, um metro cúbico de GNV atinge autonomia entre 20% a 30% a mais, alcançando de 12 km a 13 km por metro cúbico. Então, se o preço entre os combustíveis está próximo, a performance percentual do GNV, ainda que maior quando comparada à gasolina, não gera economia suficiente ao motorista. Isso porque, além do custo da instalação, ele tem como certo o custo da anual da inspeção e com a manutenção dos itens de maior desgaste, não presente num carro que utiliza outro tipo de combustível.
2) Quanto custa para instalar GNV em um carro popular?
Algumas fábricas passaram a trazer, como facilidade, o GNV já instalado. Mas esse movimento reduziu sobremaneira, fazendo com que o motorista procure pela instalação do kit em oficinas especializadas. Pois bem, nessas oficinas o custo da instalação em um carro popular gira em torno de R$ 3.500 a R$ 4.000. Adicionalmente, temos o custo de mais R$ 1.000 com a renovação da documentação do veículo e, também, a inspeção veicular anual, que apresenta o custo perto da casa dos R$ 400. Vejam, amigos leitores, que o custo de certa forma não é baixo e, exatamente por isso, o fator economia de combustível precisa ser avaliado pelo motorista no momento da escolha.
3) Com a queda de veículos que utilizam GNV, como fica então o setor das oficinas especializadas na instalação e manutenção desse tipo de automóvel?
Compartilho aqui, com os amigos leitores, uma descontente realidade para a nossa economia local. Conforme os últimos dados levantados, em nosso Estado existiam 22 oficinas homologadas e, hoje, só temos cerca de 10 oficinas abertas, o que representa a redução em 55% do percentual de estabelecimentos atuantes. Importante aqui destacar que esses empreendimentos investiram muito em estrutura, equipamentos e treinamento profissional. Ao revés, grande parte do setor fechou as portas e está passando por uma forte crise e, agora, precisa se reinventar, já que os indicadores demonstram que o movimento caiu em mais de 80%.
4) Então qual é o valor ideal do GNV nas bombas para ser vantajoso o abastecimento?
A resposta à pergunta mais esperada no artigo de hoje eu vou dar agora. O preço ideal é aquele representado pela diferença entre a gasolina e o GNV na variação de R$ 1,50 a R$ 2,00, ou seja, o GNV precisa estar mais barato do que a gasolina nesses valores informados. Caso isso aconteça, irá voltar a aquecer o setor e potencializar o retorno de carros movidos a gás natural. E fica aqui o meu desejo de dias melhores porque, em nossa economia, há espaço para todos que desempenham um bom trabalho.
Até a próxima coluna. Forte Abraço!
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