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Acessibilidade e imóveis para idosos: um olhar sobre o presente e as tendências no Brasil e no mundo

Embora a Lei de Acessibilidade, que estabelece normas para a construção de prédios e casas adaptados, tenha sido sancionada em 2004, a sua aplicação efetiva é desigual, especialmente em construções mais antigas

Vitória
Publicado em 31/01/2025 às 14h43
Acessibilidade e imóveis para idosos: um olhar sobre o presente e as tendências no Brasil e no mundo
Apesar dos desafios, um número crescente de construtoras tem começado a adotar práticas que visam facilitar o acesso e a mobilidade dentro das residências. Crédito: Shutterstock

A população idosa no Brasil tem crescido significativamente nos últimos anos, e com ela, surge uma demanda crescente por imóveis adaptados que atendam às suas necessidades específicas de mobilidade e conforto.

Enquanto no Brasil essa questão ainda está dando os primeiros passos, em países como os Estados Unidos e algumas nações da Europa, o conceito de "acessibilidade" já está mais desenvolvido, com projetos imobiliários que buscam oferecer qualidade de vida e segurança aos idosos.

O Brasil ainda enfrenta desafios quando o assunto é acessibilidade no mercado imobiliário. Embora a Lei de Acessibilidade, que estabelece normas para a construção de prédios e casas adaptados, tenha sido sancionada em 2004, a sua aplicação efetiva é desigual, especialmente em construções mais antigas.

Muitos imóveis não são projetados para atender às necessidades de pessoas com mobilidade reduzida, o que inclui não só os idosos, mas também pessoas com deficiência física.

No entanto, um número crescente de construtoras tem começado a adotar práticas que visam facilitar o acesso e a mobilidade dentro das residências. Exemplos disso incluem portas mais largas, pisos antiderrapantes, banheiros adaptados e elevadores em prédios de mais de dois andares.

Ainda assim, a oferta de imóveis especificamente voltados para o público idoso, com adaptações já planejadas, ainda é um nicho pequeno, mas em expansão no Brasil.

Nos Estados Unidos e em diversos países da Europa, a acessibilidade no mercado imobiliário é uma prioridade há mais tempo. O conceito de "design universal", que busca criar ambientes que atendam pessoas de todas as idades e habilidades, já está mais difundido nesses locais.

No Reino Unido, por exemplo, é comum encontrar empreendimentos com apartamentos adaptados para pessoas idosas, com corrimãos, entradas sem degraus, portas e corredores mais largos e sistemas de segurança mais sofisticados.

Nos Estados Unidos, o envelhecimento da população é uma realidade que já está sendo antecipada em muitos estados. Programas de "Aging in Place" (Envelhecimento no Local) incentivam os idosos a permanecerem em suas casas, ao invés de se mudarem para instituições de longa permanência.

Para isso, muitas casas e apartamentos são projetados com ajustes que permitem a adaptação ao longo do tempo, como banheiros com barras de apoio, rampas e cozinha com altura acessível.

Na Europa, países como a Alemanha também estão investindo na construção de imóveis para idosos que não só atendem às necessidades físicas, mas que também promovem uma convivência social ativa. Em cidades como Berlim e Viena, muitos projetos incluem áreas comuns pensadas para incentivar o convívio entre gerações e a integração de idosos à comunidade.

Com o envelhecimento acelerado da população brasileira, é cada vez mais necessário repensar a oferta de imóveis e adaptá-los para um público mais velho e com diferentes necessidades. Além das adaptações estruturais, o design dos imóveis deve ser mais inclusivo, com foco no bem-estar, conforto e segurança dos moradores.

A tendência, tanto no Brasil quanto no exterior, é que o mercado imobiliário se volte para soluções que integrem acessibilidade de forma natural e eficiente, sem perder de vista a estética e a funcionalidade dos espaços.

O conceito de “moradia ativa”, muito visto nos países desenvolvidos, onde os idosos não são vistos apenas como consumidores passivos, mas como integrantes de uma sociedade que valoriza sua participação, também pode ser uma inspiração para o Brasil.

Para isso, é essencial que o setor público, as construtoras e os próprios consumidores se conscientizem da importância de projetar imóveis que atendam não só às necessidades básicas, mas também que favoreçam a qualidade de vida da pessoa idosa.

Embora o Brasil ainda tenha um longo caminho a percorrer no que diz respeito à acessibilidade em imóveis para idosos, as tendências globais mostram que é possível criar ambientes mais inclusivos, seguros e adaptáveis. Em um futuro próximo, é provável que vejamos um mercado imobiliário brasileiro cada vez mais atento às necessidades da população idosa, refletindo as boas práticas que já existem em países como os Estados Unidos e na Europa.

A acessibilidade não é apenas uma questão de estrutura, mas sim de respeito e dignidade para uma população que merece viver com conforto, independência e qualidade de vida.

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