Realizei recentemente um dos sonhos que carrego comigo desde que me tornei sommelière: participar do Concurso Brasileiro de Cervejas (CBC), que faz parte do Festival Brasileiro da Cerveja, maior acontecimento da cena neste país. Entre os dias 6 e 9 de março, fiz uma imersão (e ganhei alguns calos nos pés), com de 10 horas de trabalho diário. Dos bastidores, vi seis cervejarias capixabas ganharem ainda mais reconhecimento, conquistando medalhas de ouro, de prata e de bronze.
Tanto o concurso como o festival acontecem em Blumenau (SC), a capital brasileira da cerveja e uma cidade deliciosa que sempre encanta por seu envolvimento na história da nossa bebida favorita. O convite para participar chegou até mim pela coordenação do concurso, que este ano ficou por conta da Escola Superior de Cerveja e Malte, onde fiz meus cursos cervejeiros (e farei muitos mais!).
Na edição deste ano, recordes foram quebrados: 634 marcas participaram (entre cervejarias, cervejarias ciganas e brewpubs), de 22 estados do país, e mais de 3.824 amostras foram avaliadas. Além disso, 60 pessoas de todo o país (incluindo esta que vos escreve) atuaram como stewards voluntários e 110 juízes de várias partes do Brasil e do mundo avaliaram as amostras.
BASTIDORES DO CONCURSO
Para quem quer imergir no mundo da cerveja e, principalmente, tornar-se juiz cervejeiro, ser steward em concursos é um prato cheio: na função, pude fazer o serviço de inúmeras amostras diferentes para o julgamento e entender a exatidão do sistema responsável pela inscrição e cadastro dessas amostras, bem como a importância da destreza humana nessas horas. Terminamos o julgamento em tempo recorde e, com um dia de antecedência, a organização teve o resultado, que foi divulgado no dia 10 de março, na festa de abertura do festival.
O concurso é um exemplo certeiro de tecnologia e percepção humana. Afinal de contas, mesmo com sistemas rebuscados e inovações cervejeiras, a cultura das cervejas sempre vai precisar das percepções sensoriais de juízes especializados, de braços, pernas e cérebros de voluntários e de diferentes sotaques e vivências que convergem e fazem acontecer esse evento tão importante para a cena cervejeira brasileira.
TENDÊNCIAS DA CULTURA CRAFT
Entre mais de 20 mil garrafas de cervejas de 146 estilos, as Indian Pale Ale (IPA) e suas variantes reinaram em quantidade de amostras, com 235 inscritas, seguidas pelas queridinhas do momento, as Sour, com 157. No entanto, nos bastidores, muitos cervejeiros (e me incluo na lista) têm apostado na ascensão das Catharina Sour, nas variações de estilos com adição de frutas tropicais, na renovação da Escola Americana, no aumento da utilização de insumos locais e (os mais visionários) em blends de estilos.
CERVEJARIAS CAPIXABAS E SUAS MEDALHAS
No total, foram entregues 203 medalhas. Dessas, 53 foram de ouro, 72 de prata e 78 de bronze. O CBC 2020 também trouxe recordes para as cervejarias do Espírito Santo: tivemos um total de seis cervejas medalhistas.
Além de ganhar como melhor cerveja do mundo no World Beer Awards 2019 na categoria Flavoured Smoke, a Rauchbock colaborativa das cervejarias Barba Ruiva e Mano Bier levou ouro no concurso, na categoria Smoke Beer. As medalhas de prata ficaram por conta da Russian Imperial Stout (RIS) Nuts For Vanilla, da Hood Cervejaria, na categoria Field Beer, e da Laranjito Amber Ale, da Cervejaria Trindade, na categoria American-Style Brown Ale.
Conquistamos três medalhas de bronze: Irish Red Ale King Red Dragon, da Cervejaria Kingbier, na categoria Irish-Style Red Ale; a ES Belgian Dubbel, da Cervejaria Espírito Santo, na categoria Belgian-Style Dubbel; e a Hop Head, da Cervejaria Três Torres, estreante, de João Neiva, que levou a medalha na categoria American-Style Amber/Red Ale.
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