Nestes tempos em que o trigo, um dos grãos base da nossa alimentação, é tabu, vejo muita gente torcer o nariz para cervejas que levam o cereal em sua composição. Seja pelo temido glúten (tema que merece uma coluna à parte) ou por serem consideradas "pesadas", as cervejas de trigo, popularmente conhecidas como Weizenbier, Weissbier ou apenas Weiss, são pré-julgadas por muitos entusiastas cervejeiros.
Portanto, me proponho a falar para você um pouquinho sobre essas cervejas tão queridas e populares, focando principalmente em quatro estilos que levam trigo e que trazem refrescância para o nosso verão.
A adição do trigo (maltado ou não) nas cervejas tem origem na região da Baviera, bem ao sul da Alemanha. Por lá, a bebida é consumida há séculos até mesmo no café da manhã, por trazer saciedade.
Tecnicamente falando, as Weissbier levam no mínimo 50% de malte de trigo ou trigo não maltado em sua composição, e existem algumas variações do estilo: Hefeweizen (claras e não filtradas), Kristall Hefeweizen (claras e filtradas), Dunkelweizen (não filtradas, com mais trigo e coloração escura por conta da torra dos outros maltes) e Weizenbock (escuras, também pelos maltes torrados e mais alcóolicas).
Da Escola Alemã, vamos pegar os dois estilos mais claros, mais leves e também mais refrescantes: as Hefeweizen e as Kristall Hefeweizen.
HEFEWEIZEN
São as cervejas que aqui no Brasil conhecemos só como Weiss. As tradicionais cervejas de trigo alemãs não são filtradas e por isso apresentam uma coloração que varia do amarelo palha turvo ao dourado.
- Para memorizar: em alemão, "Hefe" significa "fermento" e "Weizen", "trigo". Por conta dessa fermentação característica, as Hefeweizen apresentam aromas fenólicos de banana e cravo, o que é o ponto alto do estilo. A espuma é sempre branca, densa, bonita e persistente. Elas são servidas nos tradicionais copos Weizen e também é comum observar os sedimentos da fermentação na bebida.
- Para conhecer: Erdinger Weissbier (Alemanha) - A cerveja Weiss mais consumida no mundo é dourada e turva, com espuma densa e constante. Tem notas de cereais, banana e o inconfundível dulçor do malte.
KRISTALL HEFEWEIZEN
Ao pé-da-letra: são como as Hefeweizen descritas acima, porém filtradas, cristalinas. Essa característica tende a agradar os nossos olhos brazucas, já que estamos acostumados com cervejas translúcidas.
- Para conhecer: Schneider Weisse Tap 2 Mein Kristall (Alemanha) - Bem cristalina, carbonatada e a mais refrescante das Schneider Weisse, essa Kristall é uma representante clássica do estilo. Agrada quem gosta de cervejas leves e bem filtradas.
WITBIER
Adicionar trigo não ficou restrito à Alemanha e logo a Escola Belga criou as Witbiers, suas cervejas que levam o grão não maltado. Extremamente refrescantes e sempre condimentadas com a adição de semente de coentro e casca de laranja, o que traz ainda mais frescor ao estilo, as wit são pálidas (wit em Neerlandês significa branco), turvas e perfeitas para o verão. O estilo é bem popular no Brasil e temos excelentes representantes por aqui. Também é um dos meus estilos favoritos.
- Para conhecer: Celis White Belgian White Beer (Bélgica) - Essa cerveja é a "herdeira" da lendária Hoegaarden, famosa Witbier criada em 1960 por Pierre Celis. De acordo com o cervejeiro, a Celis White é uma receita antiga que originou a sua outra Witbier famosa.
AMERICAN WHEAT ou AMERICAN HEFEWEIZEN
A escola cervejeira do Novo Mundo fez jus à popularidade das cervejas de trigo e recriou o estilo com um toque local. As American Wheat possuem variações de cor (do claro ao escuro) e também podem ser filtradas ou não. A diferença marcante é que são mais lupuladas que as Weizenbier alemãs e os lúpulos usados são americanos. Assim, os aromas são geralmente cítricos. Também são cervejas bem refrescantes e fáceis de beber.
- Para conhecer: Anchor Summer Wheat (EUA) - Lançada todos os anos para brindar o começo do verão no Hemisfério Norte, essa American Wheat tem como um dos seus lúpulos principais o cascade, típico da Escola Americana.
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