Você já reparou que, além das Pilsen e das IPA, as Stout fazem muito sucesso no Espírito Santo? Em terras capixabas, a popularidade dessas cervejas, criadas para temperaturas mais baixas e com características bem distantes do nosso paladar habitual, me chama a atenção.
Com o clima frio já presente e o inverno se aproximando, chega então o momento de falar sobre esse estilo tão complexo e aclamado pelos adeptos de cervejas escuras e com notas de malte torrado em destaque.
Originária da Escola Inglesa, a Stout foi criada nas zonas portuárias da Irlanda e da Inglaterra como uma versão mais forte da Porter.
Essa transformação do estilo surgiu como alternativa aos altos impostos cobrados no malte de cevada pela Grã-Bretanha. A ideia, então, era produzir cervejas com cevada não maltada, mas torrada, e isso resultou em bebidas com um perfil de torrefação que traz notas de café, chocolate ou toffee, tanto no aroma quanto no paladar.
As primeiras Stout produzidas eram mais escuras, mais amargas e mais alcoólicas do que as Porter, e eram chamadas de Stout Porter.
RECEITA IRLANDESA
A história da origem dessas cervejas mistura-se com a da sua representante mais icônica, a irlandesa Guinness, criada por Arthur Guinness.
Ainda no século XVII, Guinness começou a elaborar suas próprias receitas de Porter e, já em 1810, resolveu inovar e adicionar às bebidas cevada maltada com alto grau de torrefação. Surgiu assim a Irish Dry Stout Guinness, que preserva as mesmas características até hoje.
No geral, cervejas Stout possuem corpo de médio a alto, teor alcoólico (ABV) entre 8% e 12%, espuma cremosa e persistente, cores que vão do marrom escuro ao preto e sabores que podem ir do dulçor ao amargor do retrogosto trazido pela torrefação dos grãos de cevada. Além disso, a temperatura de serviço desse estilo é uma das mais altas, 13º₢ e 15ºC.
OS PRINCIPAIS SUBESTILOS
Com o passar dos anos e as variações dentro das Escolas Cervejeiras, as Stout originaram subestilos. Conheça os principais e suas peculiaridades:
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Dry Stout
A espuma espessa, de cor branca ou creme, contrasta bem com a coloração preta desse estilo, que é fácil de beber e tem final seco. A principal representante é a Guinness.
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Oatmeal Stout
Como o nome em inglês já entrega, as Oatmeal Stout têm adição de aveia na receita (oatmeal = aveia), o que traz cremosidade extra tanto para o corpo da bebida quanto para a espuma.
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Sweet Stout
O subestilo destaca-se pelo dulçor da cerveja, e essa característica vem geralmente da adição de elementos adocicados, como chocolate, açúcares ou lactose. As Sweet Stout costumam ser usadas para compor sobremesas.
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American Stout
Quando uma cerveja é adaptada para a Escola Americana, ela ganha mais amargor vindo do lúpulo. Nesse subestilo, os aromas cítricos levam um charme a mais para o amargor dos maltes torrados britânicos originais.
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Russian Imperial Stout
Ainda mais complexas e intensas, as RIS têm corpo alto e ABV elevado. Criada na Rússia, após uma visita da imperatriz Catarina II à Inglaterra, e uma tentativa frustrada de levar a cerveja britânica para aquele país, a versão russa das Stout têm mais amargor e mais álcool.
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