"Não consigo terminar nada que começo e, às vezes, sei que estou me sabotando. Todo mundo me diz que preciso ser resiliente. Estão certos?" (L.)
Caro leitor, as pessoas sempre têm uma resposta eficaz... Mas que não funciona! Elas sempre têm uma saída para os outros que os tornam mais perdidos. A primeira indicação que posso fazer para você é não se preocupar tanto com a opinião dos outros sobre você.
Sei que você pode estar tentado a me chamar de individualista ao ler o parágrafo acima, mas posso te provar pelo tal "ser resiliente" que não tem vantagem prática ouvir este tipo de conselho como uma saída para você!
Se você procurou saber o que é "resiliência" - talvez via Google - sim, este é mais um daqueles termos da moda que prometem um poder mágico de transformação sobre quem acredita nele. Resiliência não é uma chave mágica sobre um segredo de sucesso, é só mais uma palavra que define algo. E sabe o que é mais triste de ela não ser a invocação mais poderosa do mundo? É que palavras por elas mesmas não podem fazer nada por você, nem conceitos da moda, nem slogans de auto-ajuda que só ajudam os inventores deles a terem uma legião de "crentes".
As pessoas gostam dessas modas porque é um veículo de pacificação psicológica e de justificação pessoal. As pessoas amam palavras de "afirmação" porque é mais fácil acreditar e falar do que trabalhar duro é assumir consequências. Acredite meu amigo, este "todo mundo" que te manda ser "resiliente" são pessoas que possivelmente nem sabem do que estão falando e, como o rebanho, só repetem o termo da moda!
Além da opinião externa, já tentou se perguntar o motivo de não terminar nada do que começa? Já teve a coragem de perceber que reais características você tem, fora da imagem pública e fora do seu ego, que te impedem de realizar coisas na sua vida? Com todo carinho e sinceridade, não acredito que alguma vez tenha tido real interesse de saber o porquê de não ter terminado nada do que começou.
Amigo, a dúvida que apresenta é um sinal do conforto que goza diante deste impasse de uma frequente atividade inconclusa. Você se preocupa tanto com a opinião do outro, que não termina nada do que faz para não ser avaliado pelo outro e talvez perceber que não é bom como gostaria de ser.
Sei que a verdade é amarga e não traz a recompensa de uma explicação simplista do que deve fazer, mas só o fato de citar o que os outros dizem, como se não soubesse o que se passa contigo, é admitir que está fugindo da responsabilidade de ser avaliado pelo que fez!
Este é um problema do nosso tempo: patologizamos tudo sob um viés psicologizado para fugirmos da responsabilidade de sermos nós mesmos, mesmo que isso signifique sermos menos, e ninguém quer ser mesmo!
Noutro caso semelhante que o outro não fosse parâmetro de interpretação, eu responderia que precisa de perseverança, uma virtude humana esquecida, mas no seu caso, caro amigo, você só precisa perder o medo de ser avaliado e assumir o risco de não ser o que gostaria diante das pessoas.
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