“Tenho 25 anos, estou na minha segunda faculdade (só estudo) e tenho uma vida muito boa, mas vezes penso que gostaria de morrer. Sinto um vazio e já pensei em suicídio, estou deprimido?”
Caro leitor, me parece que você apresenta uma crise existencial perfeitamente normal e que, claro, gera angústia. Mas não confunda tristeza com depressão, isso, sim, pode te adoecer. A realidade é diferente do que você consegue perceber e digo isso, porque disse nunca ter experimentado qualquer dificuldade, já que seus pais foram quem as enfrentaram para te dar “uma vida muito boa”.
Só que, inevitavelmente, quando está de frente com o peso de uma escolha real que pode definir seu futuro – como a profissão – você hesita, por isso está na segunda faculdade. Acredito que a principal emoção que tem atuado em você ainda não foi identificada: o medo.
O desejo de morte é apenas uma consequência de uma vida na qual a responsabilidade nunca foi sua. O conforto de estar sempre cuidado o fez desconhecer a realidade como ela é. Dessa forma, você é míope para o valor das coisas, inclusive o valor da vida. Ao contrário do que, talvez, você insista em acreditar, o seu conforto exige alguns desconfortos para os seus pais.
Quanto ao sentimento de vazio que relatou, é a única coisa real que sente, que pode te ajudar a perceber que precisa viver sua própria vida e tudo o que faz parte dela. Você precisa saber que sua vida é sua responsabilidade. Nessa hora, o medo aparecerá, mas, com ele, a oportunidade de perceber outras coisas. Como ele é parte da vida, pode ser um importante aliado, já que você foi dotado de razão que faz percebê-lo e avaliar a realidade.
A vida é um pouco mais complicada do que os filmes, as propagandas ou as redes sociais nos mostram. Precisamos fazer escolhas, lidar com perdas, conquistar coisas e não podemos fugir. Embora estejamos com medo, é preciso lembrar que somos seres preparados para essas situações e temos as faculdades necessárias para lidar com isso desde que vejamos a realidade e a nós mesmos. Não está deprimido. Está, sim, tendo a oportunidade de ter uma vida própria, mas, por medo, deseja fugir disso.
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