O café conilon é conhecido por seu grande volume de produção e pelos custos mais acessíveis comparados aos do café arábica, além de ser cultivado em baixas altitudes - cenário que, com o auxílio da ciência, tende a mudar. Agricultura e pesquisa já caminham juntas em um novo panorama, em que a espécie também conhecida como robusta é levada às montanhas capixabas.
Em Ibitirama, na Serra do Caparaó, o Sítio Terra Alta atua na cafeicultura com sua quinta geração de produtores, vindos da Itália no pós-guerra e estabelecendo-se na região após a Crise do Café, em 1929. Logo após essa época, os cafeicultores receberam estudiosos do Instituto Brasileiro do Café (IBC) em contrapartida a um empréstimo feito ao Banco do Brasil. Com pós-doutorado em clima, concluído em Portugal, o agrônomo Lima Deleon é o membro da família que atualmente reforça o elo entre a ciência e o campo.
Pela altitude do relevo, começando em 800 metros, a propriedade sempre trabalhou com cafés da espécie arábica. Tem atualmente cerca de 35 variedades, incluindo algumas inéditas e ainda sem nome, frutos de parcerias com universidades federais e centros de pesquisa.
Há três anos, foram plantados no sítio mil genótipos de conilon com origem em clones ou em plantas propagadas por semente do farto material que temos no Espírito Santo. Durante esse período de estudos, foram erradicadas 800 variedades no primeiro ano e mais 180 no segundo, restando as 20 de melhor adaptação.
Nesta safra, elas darão frutos e posteriormente serão analisadas pelo Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, formado por diversas instituições do ramo.
OBJETIVOS DA PESQUISA
O objetivo do atual estudo de café conilon em altitude é encontrar uma variedade que possa ser cultivada em porte semelhante ao do café arábica, aumentando a produtividade com os mesmos custos de manejo, sendo um balanço entre vigor e produção, e que não seja suscetível à doença de altitude que afeta a espécie.
Outros fatores que serão analisados e geram expectativas nos pesquisadores são aqueles relacionados às características sensoriais desse café na xícara do consumidor final e à comparação com o produto dos demais cultivos espalhados pelo Estado.
A colheita será iniciada entre os meses de maio e junho, e já no final deste ano teremos um caminho para o café conilon em cafezais localizados em maiores altitudes, rompendo o mito do plantio de conilon exclusivamente em baixas altitudes e reforçando um trabalho trilhado há anos. Já existem outras propriedades da região do Caparaó participando de iniciativas semelhantes, como é o caso do Sítio Café do Príncipe, em Iúna.
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