Advogada, coordenadora de Projetos CADH, mestre em Direitos e Garantias Fundamentais (FDV) e especialista em Direitos Humanos e Segurança Pública

Agamia é nova forma de relacionamento para quem quer ser feliz e realizado

As novas formações familiares — com dois pais, duas mães, casais vivendo em casas separadas, famílias monoparentais — são novas alternativas de relacionamento, ampliando a compreensão da construção do amor, da família e do afeto

Publicado em 20/05/2024 às 02h00

O caminhar da história da humanidade é composto por mudanças políticas, sociais, econômicas e jurídicas, sempre atravessadas por relacionamentos que impactam naquelas, alterando subjetividades que geram novas questões e situações que nem sempre são boas.

Os relacionamentos amorosos e íntimos desde sempre repercutem na sociedade e no Estado, gerando direitos e obrigações. A tipagem de relacionamentos, monogâmico ou poligâmico, a depender dos costumes de uma sociedade, influencia esse estado de coisas. A vida é movimento, e cabe ao positivismo imposto pelas instituições “correr atrás do prejuízo”.

A juventude mundial assume um novo jeito de relacionar-se, diferentemente dos já nominados: a agamia, que consiste em uma relação onde o casal não pretende casar nem ter filhos. Significando uma relação sem união íntima ou casamento. A tendência foge do conceito de “família tradicional”, sem formalidades legais.

O IBGE realizou uma pesquisa, com dados de 2023, em que revela a existência de 81 milhões de pessoas solteiras no Brasil, para 63 milhões de pessoas casadas. A professora Heloisa Buarque de Almeida, do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e pesquisadora do Numas (Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença), ao volver o olhar para esses dados, sustenta que as novas gerações buscam outras formas de relacionamentos, sem compromisso legal, de forma globalizada.

A pesquisadora, ao se debruçar sobre o tema, assevera que “os jovens estão preocupados com questões mais atuais e sérias, tais como a preservação do planeta, aquecimento global, sustentabilidade, entre outras questões de vanguarda”, e atribui que essas mudanças estão relacionadas à vida digital, por meio das redes sociais, o que, em sua compreensão, o adiar do início da vida sexual dos jovens pode ser uma dessas causas.

Com essa análise, a pesquisadora nos conduz à reflexão de que “relacionamento” é a forma como as coisas acontecem. É meio e não fim. Atribui um movimento ontológico aos relacionamentos. Amplia a sua dimensão. Imprime o caráter libertário que todo relacionamento precisa ter para ser edificante.

Um caminho que os jovens também podem seguir é o do empreendedorismo
Jovens e os novos tipos de relacionamentos. Crédito: Shutterstock

As novas formações familiares — com dois pais, duas mães, casais vivendo em casas separadas, famílias monoparentais — são novas alternativas de relacionamento, ampliando a compreensão da construção do amor, da família e do afeto, e assim, bradando ao admirável mundo novo que não há “modelo ideal” ou “padrão” a serem seguidos, e ainda que a vida não se encaixa em convenções.

A juventude mundial quebra o tabu alienante com flagrante sentimento de inconformismo, e assim desafia o mundo. Ao tensionar pela diversidade e combater a uniformidade, se faz resistência e assume o protagonismo de uma vida sem cadeados desubjetivantes.

Alguns ainda podem acusá-los de depravados e irresponsáveis, mas o que eles são mesmo: felizes e realizados. A institucionalidade que lute, pois essa galera é craque em fazer brotar vida em terrenos antes classificados como estéreis.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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