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Após advogado preso no ES pedir delação premiada, defesa dele deixa o caso

"Não atuamos para delatores", informaram os representantes de José Joelson ao renunciarem ao caso por discordarem da estratégia  de delação premiada

Vitória
Publicado em 17/10/2024 às 14h23
Operação follow the money
O advogado José Joelson Martins de Oliveira chega na sede da PF. Ele foi denunciado por suposto envolvimento em um esquema criminoso para saques de herança. Crédito: Carlos Alberto Silva

Logo após o advogado José Joelson Martins de Oliveira se apresentar à Polícia Federal, na tarde desta quarta-feira (16), e solicitar delação premiada, seus representantes legais no inquérito judicial que tramita no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), decidiram sair do caso. O argumento foi o de que discordam das estratégias adotadas pelo cliente, entre elas a proposta de delação premiada. “Não atuamos para delatores”, assinalam.

Joelson estava foragido desde a Operação Follow the Money, realizada no dia 1º de agosto pela Procuradoria-Geral de Justiça, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco Central e Norte). Decidiu se apresentar informando que queria “fazer uma delação premiada” e “que iria falar tudo o que sabe” sobre o caso.

Ele foi denunciado pelo MPES, junto com outras 19 pessoas, por envolvimento em um suposto esquema criminoso para saque de heranças. O inquérito também apura a participação de um magistrado e um ex-juiz nas ações criminosas

Os advogados que o representavam no processo, Taylon Gigante e Carlos Pagiola, informaram que não concordaram com o trajeto da estratégia de defesa de José Joelson. “Já protocolamos a nossa renúncia dos poderes conferidos pelo cliente e deixamos o processo nesta quarta-feira (16)”, relataram.

Em nota explicaram “que não atuam para delatores”. “Por uma questão de ideologia jurídica, não atuamos com delação premiada como alternativa de solução para um processo, independente do crime acusado, quem supostamente cometeu ou contra quem supostamente fora cometido, em todos os casos nosso posicionamento é sempre o mesmo”.

E relatam que avisaram a Joelson sobre a divergência em relação a esta estratégia. “Desde o primeiro contato deixamos claro para o nosso então cliente, que não poderia contar com o escritório caso tivesse interesse em fechar um acordo de delação premiada”.

Taylon e Pagiola estavam preparando a defesa de Joelson, que seria apresentada ao processo.

Outro advogado

Joelson chegou à Polícia Federal pouco após às 14h30, acompanhado do advogado Marcelo Brasileiro. Antes de entrar no prédio, informou que “iria revelar tudo o que sabe”.

Embora o processo em que é investigado trâmite na Justiça estadual, a partir de investigações e operação realizada pelo MPES, ele decidiu se apresentar à uma unidade federal. O argumento foi o de que o caso “envolve entes da administração de empresas públicas indireta e federal, empresas de sociedade de economia mista, e agentes cartorários de outros estados”.

Informou ainda que tinha interesse em fazer “um eventual acordo de delação”. E que, por temer por sua vida e de seus familiares, estava pedindo a inclusão em programa de proteção à testemunha. Veja vídeo abaixo:

O advogado Marcelo Brasileiro informou, na tarde desta quarta-feira (16), que havia sido contratado apenas para a apresentação de Joelson à força federal.

“Fui constituído por ele para retirá-lo da situação em que se encontrava e que não poderia permanecer por mais tempo e, diante das informações preliminares que me repassou, decidimos encaminhá-lo à Polícia Federal para se apresentar e propor uma delação premiada”.

E manifestou o interesse em atuar em conjunto com os demais advogados. “Ele nos relatou sobre os dois colegas, que não conheço, mas se houver a possibilidade de atuar no feito (processo) onde os dois colegas atuam, por que não? Chegou o momento de sintonia, de um agregar de informações e de atuação”, disse Brasileiro.

Nesta quinta-feira (17), disse que a assessoria do desembargador Sérgio Ricardo de Souza já o habilitou como advogado da causa. “Já fomos habilitados e recebemos todas as informações do processo. Já estamos lendo a denúncia e vamos preparar a defesa”.

Acrescentou que Joelson desconhecia os fatos dos quais foi denunciado. “Ele recebeu um convite para agilizar uma execução e o fez. Um tempo depois ele me relatou que ficou surpreso que a decisão saiu rápido. Pelo trabalho pediu um adiantamento de R$ 1 mil e posteriormente recebeu mais R$ 19 mil na conta dele”.

E que o mesmo fato se repetiu. “Mas ele não tinha noção de que os fatos eram ilícitos e como eram feitos. E um tempo depois foi ameaçado a continuar prestando o serviço e ainda que ficasse calado”.

Esconderijo

Marcelo Brasileiro informou não ser possível revelar onde José Joelson estava escondido. “Ficou dois meses confinado, vendo a mesma paisagem, isso estava afetando a sua saúde. Ele temia por sua vida”.

Disse que participará nesta sexta-feira (17) da audiência de custódia de Joelson. “Já antecipo que, como as condutas do qual meu cliente foi acusado não envolvem violência ou grave ameaça, vou requerer a concessão da liberdade provisória, sem fiança, de Joelson”.

Atualização

17 de outubro de 2024 às 14:50

Após a publicação do texto, o título foi atualizado com a informação de que a renúncia da defesa ocorreu em função da opção  de José Joelson Martins de Oliveira pela delação premiada e não por sua apresentação à polícia.

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