Um mapeamento feito a partir de ferramentas utilizadas pela Polícia Científica revela as diversas conexões entre armas e locais de crimes cometidos no Espírito Santo. Por ele é possível saber se uma arma foi utilizada em mais de um homicídio e até antecipar possíveis conflitos entre facções criminosas.
A teia dos crimes e um dos exemplos de como a tecnologia auxilia na compreensão da dinâmica das ações criminosas. “Ela é um instrumento de inteligência onde você vê, literalmente, qual é o fluxo das ocorrências. E se os dados forem lançados em um mapa georreferenciado, você consegue ver como aquele ato criminoso está associado àquela arma e a outros crimes e até a atuação de uma organização criminosa em um território”, explica o perito criminal Régis Farani.
Foi o que ocorreu no início do mês de março, quando a conclusão de uma perícia criminal apontou que uma das armas apreendidas pela polícia após o confronto ocorrido na Avenida Leitão da Silva, no ano passado, e que resultou na morte de um idoso em um hospital, também foi utilizada em outro crime. Trata-se de um assassinato, em Cariacica.
“Era um homicídio cuja investigação ainda estava com poucos elementos e que a análise balística conseguiu trazer novos dados, novos suspeitos”, relata a perita oficial criminal Mirella de Oliveira Santos.
Houve outra situação em que os vestígios encontrados em uma cena de crime eram de uma arma que pertencia a uma determinada facção criminosa, mas que foi utilizada em área de outra organização criminosa. Informações que foram repassadas para as delegacias das cidades envolvidas, como uma alerta para investigações em relação a possíveis ataques criminosos em áreas de facção.
Antes do uso destas ferramentas, conta Mirella, o trabalho era feito por demanda, a partir de suspeitas dos delegados. “Agora é possível trazer mais elementos para as investigações, até dados que não se esperava inicialmente encontrar, como uma conexão entre uma determinada arma e uma vítima de homicídio, ou entre diferentes ocorrências”.
ES lidera no país
Tudo começa no Sistema de Identificação Balística, onde são analisados os vestígios das cenas de crime, como as cápsulas e os projéteis, em imagens de alta definição. As informações passam pelo Banco Nacional de Perfis Balísticos e por uma nova avaliação dos peritos até que as armas sejam identificadas.
Na sequência, todas as informações vão ser inseridas no Sistema Nacional de Análise Balística (Sinab), do qual o Estado faz parte desde 2022. E é neste banco de dados que são feitas as combinações entre as armas, os locais de crimes em que elas foram utilizadas.
Considerando os dados nacionais, o Espírito Santo lidera em número de combinações crime/arma. O Estado já contabiliza 375 combinações, o que equivale a 22,59% de um total nacional de 1.660, até o dia 31 de março. Até o final do ano passado o Estado tinha 364 combinações, contra 167 do segundo colocado, o Paraná.
O material obtido pelos peritos é um subsídio importante para as apurações criminais e para a elucidação da autoria de crimes. E tudo o que é descoberto, segundo Mirella, é encaminhado para as delegacias de polícia.
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