Foi denunciado à Justiça estadual por furto qualificado e lavagem de dinheiro o casal que levou cerca de R$1,5 milhão de uma agência do Banco do Brasil no Espírito Santo. O homem de 43 anos, funcionário do banco, e a companheira, de 29, percorreram cerca de 2 mil quilômetros com a quantia, segundo a polícia, até serem localizados e detidos no Rio Grande do Sul, onde permanecem presos.
O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) relata que os dois pretendiam fugir do país com o dinheiro. “Foram os denunciados detidos no município de Santa Maria, estado do Rio Grande do Sul, quando tentavam alcançar a fronteira visando se evadir para o Uruguai com os valores subtraídos”.
É relatado que houve furto qualificado, considerando que retornou para levar novos valores do cofre, com abuso de confiança, mediante fraude e com ajuda de mais uma pessoa. E ainda por crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores.
Encaminhada à Justiça estadual no último dia 4, a denúncia aponta que a ação foi praticada por Eduardo Barbosa de Oliveira, funcionário há 15 anos do banco, atuando em uma agência na Praia do Canto onde exercia a função de tesoureiro, cargo com livre acesso ao cofre.
E que ele contou com a ajuda de sua companheira, Paloma Duarte Tolentino, natural de Linhares. O documento diz que eles agiram de forma premeditada.
“Em comunhão de desígnios e de forma premeditada, mediante abuso de confiança, subtraíram aproximadamente R$1,5 milhão em moeda nacional e em moeda estrangeira do Banco do Brasil”, relata o texto.
Traz ainda um cronograma das ações do casal desde o dia 14 de novembro, data em que eles deram início ao furto. E destaca os pontos que chamaram a atenção:
- Cofre - No dia 14 de novembro, por volta das 9h50, Eduardo abriu o cofre e retirou R$20 mil em espécie, os deixando escondidos. Minutos depois retorna e retira novos valores, totalizando cerca de R$100 mil.
- Dinheiro para ex-esposa - Na sequência encontra-se com a ex-esposa e entrega a ela R$20 mil em espécie e que seriam para “auxílio para os filhos menores” que ela teve com Eduardo. Também transferiu para o nome dela um veículo que estava em disputa no processo de divórcio, o que causou estranheza a ex..
- Carro - Por volta das 13h45, Paloma vai até Eduardo e com ele pega R$ 80 mil, destinado a compra do Renegade, mas teve que voltar à agência porque a loja de veículos não aceitou o pagamento em espécie. Precisou ser feito um depósito.
- Furto de mais valores - Por volta das 16h30, Eduardo retorna à tesouraria e retira pacotes de dinheiro do cofre e dos caixas eletrônicos. Tudo é colocado em caixas, lacradas com fita isolante.
- Transporte - Pede ajuda a um menor aprendiz para levar o material para seu carro e diz ao segurança que eram documentos para descarte.
- Mudança - No dia 16, Paloma pediu ao irmão que levasse suas coisas para a casa da mãe. Deixou a chave do carro de Eduardo e R$1 mil.
- Furto descoberto - com as investigações iniciadas, foi descoberta a fuga do casal com o Renegade e o dinheiro
- Prisão - O casal foi detido em Santa Maria (RS), quando tentava alcançar a fronteira em direção ao Uruguai.
Após a prisão, o carro foi revistado. “Foram apreendidos R$763.438,00 (reais), US$41.940 (dólares) e €70.700 (euros), tudo em espécie”, informa a denúncia, acrescentando que o dinheiro foi devolvido ao banco.
“Autoria, materialidade e dolo incontestes, diante da análise conjunta de todos os elementos de convicção carreados aos autos (processo)”, informou o MPES em seu texto.
Em depoimento após a prisão em flagrante da BR 158, a mulher teria admitido que o plano da dupla era sair do Brasil com destino ao Uruguai.
Caso transferido para ES
O Juízo da 4ª Vara Criminal da Comarca de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde o casal foi detido e teve a prisão convertida para preventiva, decidiu transferir o processo para o Espírito Santo, com parecer favorável do Ministério Público daquele Estado.
O argumento foi de que o crime aconteceu em solo capixaba. Cita o Código de Processo Penal, informando que, “a competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração”. Assim que a Justiça estadual recebeu o processo, houve análise do MPES, que realizou a denúncia.
O caso começou a ser investigado pela Polícia Civil do Espírito Santo, após denúncia da agência alvo do furto. Contou com a participação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que realizou a prisão do casal em Santa Maria.
A defesa
O casal, inicialmente, foi atendido pela Defensoria Pública do Rio Grande do Sul. Mas há informações de que estaria sendo representado por um novo advogado com o qual a coluna não conseguiu contato. O espaço segue aberto para a manifestação.
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