Entre os candidatos eleitos para cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador de cidades do Espírito Santo, estão pelo menos 27 agentes das forças de segurança. São policiais civis, como delegados; militares de variadas patentes, incluindo os reformados, e da guarda municipal. Juntos representam quase 3% do total de pessoas que venceram o pleito de 2024. O levantamento foi realizado pelo Instituto Sou da Paz com base nas informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Vão ocupar parte das 1.026 vagas para as casas legislativas municipais e a gestão das prefeituras. A maioria (22) é do interior do Estado e cinco são da Grande Vitória. Estão distribuídos nas seguintes cidades:
- Aracruz - 1 vereador
- Barra de São Francisco - 1 vereador
- Boa Esperança - 1 vereador
- Bom Jesus do Norte - 2 vereadores
- Cachoeiro de Itapemirim - 1 vereador
- Cariacica - 2 vereadores
- Colatina - 1 vereador
- Domingos Martins - vice-prefeito
- Fundão - 1 vereador
- Governador Lindenberg - 1 vereador
- Guaçuí - 1 vereador
- Guarapari - 1 vereador
- Linhares - 1 vereador
- Marataízes - 1 vereador
- Marilândia - 1 vereador
- Muniz Freire - 1 vereador
- Pedro Canário - 1 vereador
- Rio Bananal - 1 vereador
- Santa Teresa - 1 vereador
- São Gabriel da Palha - 1 vereador
- Serra - 1 vereador e 1 candidata disputa como vice-prefeita
- Venda Nova do Imigrante - 1 vereador
- Vila Velha - 1 vereador
- Vitória - 1 prefeito
Há somente uma mulher: Gracimeri Vieira Soeiro de Castro Gaviorno, conhecida como delegada Gracimeri (MDB). Ela ainda disputa a vaga de vice-prefeita no segundo turno das eleições da Serra, na chapa de Weverson Meireles (PDT).
Nas declarações de cor, 15 informaram serem brancos, há 8 pardos e 3 negros. Em relação à escolaridade, 16 possuem ensino superior completo, um ainda não terminou a faculdade, 8 concluíram o ensino médio e um ainda não cumpriu esta etapa. Por último há um candidato eleito que informou ensino fundamental incompleto.
Pode haver mais
O total de eleitos das forças de segurança pode ser maior do que o número identificado pelo Sou da Paz. O nome do candidato Lorenzo Pazolini (Republicanos), eleito prefeito de Vitória, por exemplo, foi acrescido ao levantamento original, que não o havia contabilizado.
Ocorre que ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ele informou na identificação de ocupação, o cargo de prefeito, já que é o atual gestor da cidade. E em seu nome de campanha optou por não usar o título de delegado da Polícia Civil.
Para fazer o levantamento foram consideradas as informações a partir das seguintes ocupações: policial militar, policial civil, militar reformado, bombeiro militar, membro das forças armadas e guardas.
Também foram selecionados os nomes de urnas com patentes variadas das corporações militares e cargos da polícia civil, como delegados, investigadores, entre outros. E se em um dos dois campos, ocupação e nome de campanha, não tiver sido utilizado alguma menção a uma das forças de segurança, o eleito não foi identificado como sendo da área.
As demandas dos eleitores
Foram identificados em levantamento realizado por A Gazeta junto ao banco de dados do TSE, 146 concorrentes com este tipo de indicação. Teve até um "xerife", embora o cargo, oficialmente, não exista no Brasil.
Entre os objetivos, chamar a atenção dos eleitores, que apontaram em pesquisas eleitorais contratadas pela Rede Gazeta as suas principais dificuldades. A falta de segurança nas cidades está entre os problemas a serem enfrentados pelos eleitos, dividindo espaço com saúde e educação.
As candidaturas
Os dados do Sou da Paz identificou, entre os 9.856 que disputaram as eleições no Estado, 198 de pessoas vindas da área de segurança — foi incluindo o prefeito de Vitória. Dado que levou o Espírito Santo a quinta posição entre os estados brasileiros com mais candidaturas nesta área.
Uma lista liderada Rio de Janeiro (3,48%), Amapá (2,57%), Roraima (2,16%), Acre (2,08%) e Espírito Santo (2%).
Entre as capitais, Vitória ficou na oitava posição, com 5,4%. A primeira colocação ficou com o Rio de Janeiro, com 8%.
Em relação aos partidos, o PL reuniu o maior número de candidatos, foram 46. Entre eles dois candidatos a prefeito na Grande Vitória vindos da Polícia Militar: coronel Alexandre Ramalho e o deputado Lucínio Assumção, que não foram eleitos.
O segundo partido com o maior número de candidaturas das forças de segurança foi o Progressistas, com 21 concorrentes.
No Brasil, segundo o instituto, há um crescimento dos eleitos na área de segurança. Relatam que entre os anos de 2010 e 2018 subiu em 950% o número de deputados oriundos das forças de segurança eleitos. Passaram de quatro nas eleições de 2010 para 42 em 2018.
“Esse fenômeno também foi observado nas eleições municipais. Os números tornam possível afirmar que o policialismo se consolidou na política brasileira”, assinala Carolina Ricardo, diretora-executiva do Sou da Paz.
Em sua análise o instituto demonstra preocupação com eventuais conflitos de interesse e destaca que o perfil dessas candidaturas vem se apoiando em uma retórica bélica.
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