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Criminosos no ES usam perfis em redes sociais para vender Iphone e carro

Denúncia do MPES,  aceita pela Justiça, alerta que perfis falsos estão ativos vendendo produtos que não existem, o que pode aumentar número de vítimas

Vitória
Publicado em 11/12/2024 às 00h30
Operação Pandilha
Crédito: Arte - Camilly Napoleão com Advobe Firefly

Perfis falsos em redes sociais estão sendo utilizados por criminosos do Espírito Santo para a venda de Iphone e carros. Mas na prática estes produtos não existem. É o que aponta denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) aceita pela Justiça estadual. Até outubro foram identificadas pelo menos 359 vítimas, em 24 estados, com prejuízos de quase R$780 mil. Mas a estimativa é de números maiores, considerando que a "comercialização" não foi suspensa.

Foram denunciadas onze pessoas. No documento é feito o alerta de que o suposto cabeça do grupo criminoso ainda está foragido e que diversos perfis/páginas falsos idealizados por eles ainda estão ativos. “Para disseminar nas redes sociais Instagram e Facebook a prática das vendas eletrônicas fraudulentas”.

E acrescenta: “De modo que é possível concluir que o número de vítimas atingidas é consideravelmente mais elevado do que até o momento”, diz, informando que se trata de uma organização criminosa de abrangência nacional especializada na perpetração de fraudes eletrônicas estruturadas.

Os fatos foram iniciados em 2020. Há vítimas em 24 estados, com volume maior em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Houve casos no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país.  Casos facilitados pelo anonimato das redes sociais e pela utilização de dados de contato e contas bancárias de terceiros.

Os crime apontados envolvem fraude eletrônica, com obtenção de vantagem ilícita, com prejuízo a terceiros por meio de redes sociais. Praticado por pessoas que estariam associadas em organização criminosa, e lavagem de dinheiro.

O grupo seria liderado por Diogo Gonçalves Costa, conhecido como Santiago, Thiago Santiago ou TH. Contra ele há dois mandados de prisão não cumpridos. Seu advogado não foi localizado, mas o espaço segue aberto para sua manifestação.

Operação Pandilha - Diogo Gonçalves Costa
Diogo Gonçalves Costa. Crédito: Arte - Camilly Napoleão com Advobe Firefly

A fraude

À Justiça foi informado sobre a criação de perfis falsos em redes como Instagram e Facebook em nome de  estabelecimentos comerciais. Nestes ambientes eram oferecidos os produtos que não existiam, principalmente celular, como Iphone, e veículos. As páginas tinham telefone, e-mail e/ou link direto para comercialização.

As conversas com os clientes eram direcionadas para contas do Whatsapp, onde eram fornecidas as chaves pix para os pagamentos e recebimento dos comprovantes. Eram utilizados dados dos criminosos, mas celulares, contas de whatsapp, de pix, seriam de laranjas — pessoas que cedem suas informações e dados e ficam com uma parte da fraude.

Feito e confirmado o pagamento, o dinheiro era sacado, enviado por um motoboy para integrantes do grupo criminoso, que fazia a divisão dos valores, o que auxiliava na lavagem do dinheiro.

“O saque da diferença e a sua entrega ao destinatário, é realizado por membros da organização responsáveis por essa específica função, os quais monitoram praticamente em tempo real a movimentação da retirada do dinheiro em espécie dos caixas eletrônicos/agências bancárias, o seu transporte (geralmente por motoboys) e, por fim, a sua entrega a membro da organização determinado”, informa a denúncia.

O cliente, mesmo reclamando, não recebia o produto. “Resultando de tais negócios jurídicos fraudulentos indubitável enriquecimento ilícito dos integrantes da organização, dado o potencial quantitativo de vítimas induzidas a erro”, relata o texto do MPES.

Impulsionamento das vendas

Para aumentar as vendas e a comercialização, foi informado que os criminosos lançaram mão do impulsionamento das redes sociais. Com a medida garantiam que os perfis falsos ficassem em mais evidência, atingindo mais visibilidade. Houve ainda, segundo o MPES, a “contratação de comentários e curtidas falsas”.

De abril de 2022 a dezembro de 2023, segundo a denúncia, foi registrado um investimento de R$ 89 mil em impulsionamentos para três perfis, o que resultou em um total de 10.221.700 visualizações. Dados obtidos junto à Meta, gigante da tecnologia dona do Instagram, Facebook e Whatsapp. Foi apurado um ganho ilícito mensal de cerca de R$ 30 mil.

Rotineiramente eram feitas postagens com fotografias e vídeos, contendo os produtos anunciados e seus valores, que eram alavancados por impulsionamentos pagos. 

“Para conferir ares de veracidade aos perfis falsos, a aquisição, por interpostas pessoas e de forma ilícita, de quantitativo relevante de “seguidores”, “curtidas” e comentários de terceiros para alimentar as páginas e publicações ostentadas nos aludidos perfis”, informa

A Operação Pandilha

A investigação teve início a partir da apreensão dos celulares de Diogo Gonçalves Costa, obtidos em outra operação do MPES relacionada a crimes do tráfico de drogas.

A partir da análise dos aparelhos foi possível identificar a participação dele e de mais dez pessoas, além de outros menores, nas fraudes eletrônicas. O que deu origem a Operação Pandilha.com, realizada no mês de outubro. Foram cumpridos mandados de prisão em Vitória, Serra e Vila Velha.

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