
Denunciado pela morte de um jovem no Sambão do Povo, em 2023, Wesley Gomes da Silva, conhecido como “Pé de Monstro”, voltou a ser detido nesta quarta-feira (5), treze dias após ser liberado com o uso de tornozeleira. A nova decisão para que retornasse ao sistema penal foi do desembargador Pedro Valls Feu Rosa, relator do caso na 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES).
A Divisão de Escolta e Recaptura Policial (DERP) da Polícia Penal realizou a prisão e, no final desta tarde, Wesley deu entrada no Centro de Triagem de Viana (CTV). Ele tinha sido liberado após decisão do Juízo da 1ª Vara Criminal de Vitória, que se baseou em uma perícia realizada pela Polícia Científica do Estado. Ela traz um outro recorte de imagens registradas no dia do crime, e aponta que Wesley não seria o suspeito que aparece nas imagens por eles analisadas.
Um ano antes, uma perícia realizada no Rio de Janeiro indicou a participação de uma segunda pessoa no crime e que ela teria feito o gesto de atirar em Pedro Henrique Crizanto, 20 anos. O documento provocou a reabertura do caso e as novas investigações levaram a identificação do nome de Wesley, denunciado posteriormente pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
Contestação
A nova decisão surgiu a partir de uma contestação feita à 1ª Câmara Criminal, pelo assistente de acusação, que representa a família da vítima no processo, o advogado Renan Sales, e pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
O argumento foi o de que, para além das perícias, outras provas presentes no processo apontam os indícios de autoria do crime, e que elas são importantes para manter a prisão do denunciado.
Em relação à nova perícia, destacou que foram examinadas cenas diferentes de vídeos, com análises de suspeitos diferentes. No documento do Rio foi considerada uma pessoa de camisa amarela clara. A análise capixaba focou em uma pessoa com camisa amarela com numeração.
"Como se percebe das imagens trazidas aos autos (processo), pela própria perícia (capixaba), há dois sujeitos de camisa amarela nas imagens, sendo uma mais escura com numeral e outra com camisa clara sem numeral", é relatado pelo assistente em seu recurso.
E acrescenta: “Não foram feitas análises sobre as características físicas do sujeito de camisa amarela clara, para comparativo com o suposto autor do fato, desta feita, entendo que a perícia realizada pela Polícia Civil do Estado do Espírito Santo se mostra incongruente, merecendo ser avaliada com cautelas”.
Ao final ele aponta que diante do “histórico de processos do suposto autor do crime”, que Wesley retornasse para o presídio até que as circunstâncias por ele apontadas fossem avaliadas.
O desembargador aceitou os argumentos e determinou a prisão de Wesley em decisão desta terça-feira (4) e que foi cumprida na tarde desta quarta-feira (5).
Crime e a reviravolta
Pedro Henrique Crizanto, 20 anos, foi assassinado com um tiro na cabeça durante ensaios técnicos das escolas de samba, em fevereiro de 2023. Dias após o crime um menor foi apreendido e apontado como o autor do disparo.
Inconformada com a situação, a família do jovem morto acionou o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), por intermédio do advogado Renan Sales, que solicitou a realização de uma perícia em um vídeo com as imagens do crime, e ela foi feita no Rio de Janeiro.
O alvo do trabalho foram imagens produzidas no Sambão do Povo, no dia 1º de fevereiro, por volta das 22h50. Elas mostram o registro de uma briga, em meio a um aglomerado de pessoas em ambiente aberto, quando um disparo é ouvido e na sequência a dispersão das pessoas. Entre eles estava Pedro Henrique.
O resultado do trabalho foi de que “o disparo não foi realizado pela pessoa de camiseta branca”. A pessoa citada é o menor apreendido. Na sequência tem-se a informação sobre o autor do tiro: “A pessoa de camiseta amarela apresenta movimento corporal indicativo de ser o autor do disparo”.
Posteriormente, uma pessoa identificada como Wesley Gomes da Silva, o Pé de Monstro, foi presa e denunciada pelo MPES como o autor do crime, o que foi aceito pelo Juízo da 1ª Vara Criminal de Vitória.
O que diz a defesa
O advogado Bruno Won Doelinger, que faz a defesa de Wesley, destacou que o que ocorreu foi uma suspensão temporária dos efeitos da decisão que concedeu liberdade a seu cliente.
“Isto prevalece até que o recurso do Ministério Público seja julgado. Mas vamos tomar todas as medidas adequadas para garantir a liberdade do meu cliente”, informou.
Wesley foi posto em liberdade com o uso de tornozeleira.
Atualização
6 de fevereiro de 2025 às 13:10
O texto foi atualizado com novas informações sobre a decisão que determinou a prisão de Wesley Gomes da Silva.
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