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Médico vai a julgamento 9 anos após assassinato de pedagoga no ES

Rayane Luiza Berger, que também foi miss pomerana, foi morta aos 23 anos; investigações apontam que crime foi premeditado pelo ex-companheiro

Vitória
Publicado em 07/03/2025 às 03h30
pedagoga e miss pomerana, Rayane Luiza Berger, morta em 2015
Crédito: Arte - Camilly Napoleão com Adobe Firefly

Era 7 de junho de 2015. Bombeiros voluntários encontraram em um rio próximo ao distrito Alto Rio Posmosser, zona rural de Santa Maria de Jetibá um carro submerso. Nele estava o corpo da pedagoga e miss pomerana, Rayane Luiza Berger, morta aos 23 anos. Mas o que foi apontado inicialmente como acidente, dias depois se descobriu ser um crime, praticado pelo ex-companheiro dela, o médico Celso Luís Ramos Sampaio, à época com 59 anos.

O médico será julgado na próxima quinta-feira (13), no Tribunal do Júri de Vitória, na nova sede do Fórum Criminal, a partir das 8 horas. O júri chegou a ser marcado três vezes na cidade onde os fatos ocorreram, mas foi transferido para a Capital, por decisão do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) em uma ação de desaforamento (transferência) apresentada pela defesa do réu.

Por maioria dos votos, os desembargadores das Câmaras Criminais Reunidas aceitaram os argumentos dos advogados de Celso de que havia dúvidas “sobre a segurança pessoal do acusado ou acerca da imparcialidade do júri” na cidade.

Crime premeditado

Autor da denúncia contra o médico, o  Ministério Público do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça Criminal de Vitória, informa que o crime foi de violência contra a mulher e premeditado.

“O autor do fato, valendo-se de sua condição de médico, utilizou de medicamento de uso controlado para poder dopar a vítima, agrediu-a violentamente com um objeto contundente na região da nuca, causando sua morte, e, para forjar um acidente, colocou-a em um carro, em uma estrada do município de Santa Maria de Jetibá”.

Acrescenta que as investigações concluíram que o acidente foi forjado e que as evidências do processo denotam a autoria do réu, o médico. E que em razão da grande repercussão do crime em Santa Maria de Jetibá, o julgamento foi transferido para Vitória.

“Sendo assim, o MPES destaca que vai trabalhar, mais uma vez, pela defesa da vida e da sociedade para que crimes dessa natureza, principalmente praticados contra a mulher, não caiam na impunidade”, finaliza a nota.

Morte de professora
Matéria de A Gazeta sobre o crime em 08/06/2015 . Crédito: Arte - A Gazeta

Motivação para o crime

Na decisão de pronúncia do Juízo da 2ª Vara de Santa Maria de Jetibá — que encaminhou Celso para o banco dos réus — foi informado: “As provas contidas nos autos (processo) demonstram que o relacionamento amoroso do acusado com a vítima era muito conturbado, marcado por idas e vindas, bem como por traições recíprocas”. E que uma delas teria sido o estopim.

A mesma decisão, baseada nas informações da denúncia do MPES, aponta que o crime foi planejado pelo médico, desde a escolha do local de descarte do corpo, ida a restaurantes e bares como álibi, ao hospital onde trabalhava e onde a vítima foi dopada.

Deixou ainda rastros pelas câmeras da cidade por onde passou, o que ajudou a polícia a montar a cronologia das ações na finalização do inquérito. Na sequência, a denúncia do MPES apontou diversos fatos que ocorreram no dia do crime, e destacamos alguns deles:

  • Crime - ocorreu no dia 6 de junho de 2015, por volta das 21h
  • Como foi - “com intenção de matar, por motivo fútil, com recurso que dificultou a defesa da vítima, e em situação de violência doméstica, desferiu golpes com objeto causador de lesão contundente na região da nuca da vítima que foram a causa de sua morte”, informa o juiz
  • Corpo - foi encontrado no dia seguinte, por volta do meio-dia. Rayane  estava sem cinto de segurança, caída de lado, com a cabeça atrás do banco do carona e tinha cortes profundos na nuca
  • Carro - todas as portas estavam trancadas e não havia marcas de frenagem do veículo. Perícia apontou que no momento do capotamento ele estava a velocidade baixa
  • Exames - revelaram que ela tinha recebido sedativo anestésico usado em hospitais em seu sangue. Relato da perícia indica que ele provoca sono

Outro ponto citado na decisão que encaminhou Celso para julgamento vem do fato de que ele estava cumprindo pena de 16 anos de reclusão por outro crime. “Já foi condenado pela prática de um homicídio culposo e um homicídio doloso de forma qualificada”.

E acrescenta sobre a última condenação: “Se refere ao assassinato de um amigo e colega de profissão, com vários disparos de arma de fogo, motivado pelo relacionamento amoroso que estava tendo com a esposa da vítima, após simular um defeito em seu carro para atrair a vítima”.

Finaliza informando que as circunstâncias expostas no processo levam a crer que existem indícios de que o médico está envolvido na morte da vítima. “Devendo, por conseguinte, o caso ser apreciado pelo egrégio Tribunal Popular do Júri”, foi dito na decisão de pronúncia.

O que diz a defesa de Celso

A defesa do médico, segundo o site do TJES, é realizada pelo advogado Eric do Nascimento Ceolin. Ele informou que no momento não tem a intenção de se manifestar sobre o caso.

No processo o advogado sustentou que a morte da vítima “decorreu de um acidente automobilístico, sem qualquer participação externa de terceiros”, e que portanto não se pode falar em crime.

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