A Polícia Penal se deparou com um corredor blindado na casa do traficante preso na manhã desta sexta-feira (9), em Viana, durante a realização da segunda fase da Operação Trash Bag. Também foi detido um policial que atuava como chefe de segurança da Penitenciária de Segurança Máxima II. Os dois são suspeitos de planejar vários crimes, incluindo um esquema para matar um preso dentro da unidade e que seria rival do traficante. Eles contaram com a possível ajuda de uma terceira pessoa, uma mulher que também é policial penal, que não foi detida.
De acordo com Weleson Vieira, diretor de Operações da Polícia Penal do Espírito Santo, que conduziu as equipes que cumpriram os mandados de prisão e busca e apreensão, eles foram surpreendidos ao chegarem à casa do traficante, localizada em Areinha, Viana, e se depararem com um corredor blindado.
“Na frente você se depara com um portão de metal e na sequência um pequeno corredor. Logo depois tinha um outro portão, blindado, e atrás dele tinham dois tocos de madeira que impediam a sua abertura por fora. O primeiro portão era um disfarce para o segundo e a pessoa que entra fica presa neste corredor, no meio dos dois portões”, relatou o diretor.
Para entrar na casa a equipe tática lançou mão de uma escada retrátil e fez o acesso pulando um muro no fundo da residência. Os portões foram, posteriormente, abertos pela esposa do traficante, o que permitiu o acesso do restante da equipe. Foi neste momento que eles constataram o esquema do corredor blindado.
O relato é de que a residência, que está em obras, tem um padrão bem superior às que existem no entorno, na região de Areinha.
Na casa também foi localizada uma central de videomonitoramento. “Era uma central de primeiro mundo. Ele ficava deitado na cama, com uma televisão de 50 polegadas no quarto, vigiando tudo ao redor da residência. Nos relatou que fazia este trabalho de vigilância a partir da 1 hora até o dia amanhecer”, conta Weleson.
Segundo ele o traficante avaliou que a polícia não conseguiria passar pelo corredor blindado. “Mas a nossa equipe o surpreendeu entrando pelos fundos da casa e ele se rendeu. Na sequência fizemos a busca e apreensão”, conta.
Na casa do traficante, ligado ao PCV e que comandava o tráfico em Viana, foram apreendidos pelo menos 5 celulares. No início ele quebrou um aparelho para evitar que fossem obtidas informações, mas a equipe encontrou outros equipamentos. “Ele movimentava muito dinheiro do tráfico. Encontramos muitos cheques e notas promissórias”, conta o diretor.
Também foi localizada uma pistola CZ, importada, calibre 9 milímetros, 30 munições.
Granada apreendida
Foi cumprida a prisão preventiva de um policial penal, que estava no Complexo de Viana. Na casa dele foi feita busca e apreensão, onde foi encontrada uma granada de efeito moral.
“Tudo indica que a granada deve ser da Polícia Penal, e que estava de forma irregular na casa dele, que não tem permissão para levar este tipo de material para casa”, acrescentou Weleson.
Já na casa da policial penal foi apreendido celular. Ela atua como chefe de equipe da Penitenciária de Segurança Máxima II.
A operação
As ações fazem parte da segunda fase da Operação Trash Bag, foi conduzida pelo Grupo Especial de Trabalho em Execução Penal (GETEP) do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), com apoio da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), responsável pela gestão das unidades prisionais, e da Polícia Penal.
Foram cumpridos dois mandados de prisão e três de busca e apreensão nas cidades de Viana e Vila Velha, com apreensões de celulares, notebooks, armas de fogo na casa dos suspeitos.
Na primeira fase da operação, foi preso um monitor de ressocialização que poderia receber até R$ 1 milhão para auxiliar na fuga de um detento. No mesmo dia também ocorreu a prisão de um policial penal por porte ilegal de arma de fogo. Dias depois ele foi liberado. Foi este mesmo policial que nesta sexta-feira (8) recebeu mandado de prisão preventiva.
Foi a arma ilegal encontrada na casa dele a chave para a realização da segunda fase. As investigações apontam que ela seria entregue a um detento, dentro da Máxima II, para que executasse um outro prisioneiro ou até uma fuga. A morte encomendada era de um rival do traficante, e que o tinha antecedido na liderança na região de Viana.
As investigações apontam que o policial penal que era chefe de segurança, envolvido no suposto esquema para matar um detento da Máxima II, teria sido cooptado pelo traficante. E ainda teria, supostamente, recebido valores mensais para deixar entrar na unidade objetos ilícitos, como aparelhos celulares, drogas e materiais cortantes, além de repassar informações e fazer “vista grossa” durante as revistas das celas onde se encontram aliados do traficante, o que poderia indicar a realização de outros eventos criminosos.
Há ainda indícios de que o policial penal vinha ameaçando possíveis testemunhas dos crimes praticados por eles com o objetivo de ocultar provas.
O que diz a Sejus
Por nota a Sejus informa que "os trabalhos desta sexta-feira (9) foram conduzidos pelo Grupo Especial de Trabalho em Execução Penal (GETEP), com apoio da Subsecretaria de Inteligência Penitenciária da Sejus e com execução das ações pela Polícia Penal".
A defesa dos acusados
A coluna tenta contato com a defesa dos acusados. O espaço segue aberto para a manifestação.
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