Em depoimentos prestados à Justiça estadual — veja vídeo acima —, policiais, amigos e familiares revelaram a rotina de violência e perseguições que marcaram o último ano de vida da enfermeira Íris Rocha, de 30 anos. Grávida de oito meses, ela foi assassinada e o seu corpo foi encontrado às margens de uma estrada, em Alfredo Chaves. A bebê Rebeca também morreu.
Uma das muitas situações a que foi submetida a jovem foi descrita pela delegada que investigou o caso, Maria da Glória Pessotti. "Quando ela se movimentava da sala dela para ir para outro cômodo, lá na Ufes, local onde trabalhava, ela se ajoelhava para ele não visse pela janela que ela estava saindo da sala", conta.
Cleiton Santana dos Santos, namorado da enfermeira, foi descrito como uma pessoa muito possessiva e denunciado como autor do crime. No mês de setembro foi realizada a primeira audiência do caso, quando foram ouvidas os testemunhas, com registos em vídeos, disponibilizados no processo.
A Gazeta reuniu alguns desses relatos, que descrevem como uma jovem alegre e feliz com as suas conquistas, se transformou em uma pessoa triste, deprimida e com marcas de agressões físicas, emocionais e psicológicas. Resultado de um relacionamento abusivo e conturbado.
Íris era monitorada o tempo inteiro, não podia sair de sua sala, conversar com outros homens. Passou a vestir roupas que cobriam todo o seu corpo e mais largas. Chorava o tempo inteiro. Mas nem assim conseguiu se livrar das agressões.
Em uma delas sofreu um mata-leão aplicado por ele. “Ela poderia ter morrido naquele dia”, relatou a delegada Maria da Glória Pessotti. Três meses depois a jovem e seu bebê foram mortos.
Aluna do mestrado de Ciências Fisiológicas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a enfermeira sonhava em fazer o doutorado e ser uma boa mãe para seus dois filhos.
Nova audiência
Nesta quinta-feira (24) será realizada uma nova audiência, onde vão ser ouvidas mais testemunhas. Parte delas foram convocadas pela acusação e outras pela defesa de Cleilton.
Há uma previsão de que ele também seja ouvido pelo juiz. Mas poderá optar por ficar em silêncio, se esta for a estratégia de seu advogado.
A audiência acontece a partir das 14 horas, no fórum de Alfredo Chaves, local onde o crime aconteceu e o corpo da jovem foi encontrado.
O que diz a defesa
A defesa de Cleilton é realizada pelo advogado Rafael Almeida de Souza. Ele confirmou que seu cliente será ouvido.
“O juiz deferiu a oitiva das testemunhas arroladas pela defesa por vídeo, entretanto, negou atendimento psiquiátrico. Assim, mais uma vez, vou tentar conversar com o Cleilton e, conforme o atendimento, seguir com o interrogatório ou optar pelo silêncio”.
Ele destacou ainda a ausência de médico psiquiátrico que possa auxiliá-lo na defesa, “ante as inconsistências no interrogatório perante a autoridade policial”.
Lima pediu à Justiça que seu cliente fosse submetido ao teste de insanidade, o que não foi aceito.
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