Árbitro capixaba com maior número de atuações nacionais e internacionais, especializado em gestão esportiva,e que atuou em dez finais do Campeonato Capixaba, além de partidas das séries A, B, C e D do Campeonato Brasileiro.

Arquibancadas vazias evidenciam sons do jogo nunca notados pelo público

As reações, emoções e esforço dos atletas ficaram escancarados em uma aproximação e envolvimento nunca vistos

Publicado em 23/08/2021 às 02h00
Arquibancada vazia durante Olimpíada de Tóquio
Arquibancada vazia durante Olimpíada de Tóquio. Crédito: Vitor Jubini

Inspirado na amiga, poetisa e colunista Ana Laura Nahas, de quem sou fã, tomo a liberdade de falar sobre o comportamento humano sob a ótica do esporte nesses tempos difíceis e diferentes que em vivemos. As comparações feitas por ela me encantaram e visualizei situações no esporte perfeitamente similares na visão poética.

As ruas por muito tempo vazias, devido à pandemia, deixaram a vida de uma forma surpreendentemente interessante, pois sempre as víamos cheias e movimentadas, o que nos impedia de perceber algumas nuances. O esporte com arquibancadas vazias trouxe à nossa percepção sons e vozes que não eram conhecidos e percebidos. As reações, emoções e esforço dos atletas ficaram escancarados em uma aproximação e envolvimento nunca vistos.

O barulho das ruas e das arquibancadas nos davam emoções e reações diferentes das que sentimos com esse novo cenário, são novas descobertas que a vida nos revela agora. Vivê-las e entendê-las é o grande desafio. Certamente muito temos para aproveitar e aprender.

O som da multidão abafa detalhes valiosos nas ruas e nos estádios. O silêncio nos revela novas formas de viver e de entender o valor e o encanto até então escondidos. A volta do público, dos carros e das pessoas gradualmente nos traz o normal de volta. Espero que melhores torcedores e cidadãos.

SUBSTITUIÇÕES

Um assunto que não era, mas se tornou polêmico no futebol são as substituições ou o número delas. O jogo entre Ceará e Flamengo válido pela Série A do Campeonato Brasileiro, que terminou empatado por 1 a 1, teve nada menos que dez substituições somando as duas equipes, o que desmonta qualquer esquema tático.

Isso tem chamado a atenção de especialistas e torcedores pela influência disso na parte técnica e tática das equipes. Afinal, cinco substituições representam metade de um time, sem contar o goleiro, e os técnicos estão utilizando muito essa possibilidade. A quem diga que uma equipe perde muito sua identidade e estilo de jogo e que é impossível ter entrosamento com tanta modificação. Por outro lado, os times atualmente disputam várias competições ao mesmo tempo e esse recurso acaba sendo uma forma de utilizar o maior número de jogadores.

A partir da pandemia - e por causa dela -, no ano passado a Fifa autorizou o aumento no número de substituições de três para cinco com a finalidade de preservar os jogadores. Essa exceção à regra, inclusive, foi estendida recentemente até dezembro de 2022 para que seja utilizada na Copa do Mundo no Catar.

Até o ano de 1958 não havia substituições no futebol, quando passou a ser autorizada a possibilidade de realizar uma substituição no decorrer do jogo, embora inicialmente o goleiro e o jogador de campo só pudessem ser trocados em caso de lesão. Somente na Copa do Mundo de 1970, no México, passaram a ser autorizadas duas substituições por time e por jogo durante o torneio e em 1967 a primeira substituição tática.

A primeira substituição de um jogador por decisão tática de um treinador também foi autorizada. A partir de então, as substituições deixam de ser feitas somente devido a lesões e os técnicos passaram a usá-las para esse fim. Hoje os técnicos europeus utilizam bem menos às cinco substituições do que os brasileiros. Eles preferem manter a equipe jogando o maior tempo possível, mas talvez o calendário por lá ajude mais que aqui. A esperança é que tudo se normalize para voltarem às três substituições para o bem do futebol raiz.

BOA ATUAÇÃO DE LEANDRO VUADEN

Ainda no jogo entre Ceará e Flamengo, o árbitro Leandro Vuaden teve boa atuação. Mas como não se pode elogiar arbitragem antes do jogo acabar, marcou uma falta a favor do Vozão no campo de ataque e terminou o jogo antes da sua cobrança, alegando que o tempo de acréscimo já havia terminado. Vale lembrar que o tempo de acréscimo determinado pelo árbitro corresponde ao mínimo de tempo que será recuperado. Como a falta foi marcada no tempo, ele deveria deixar a falta ser cobrada.

PUNIÇÃO DISCIPLINAR

Pelo Campeonato Italiano, Cristiano Ronaldo marcou um gol e ao comemorar retirou a camisa e recebeu cartão amarelo. Logo depois, o VAR entrou em ação e anulou o gol por impedimento. O cartão amarelo foi mantido porque a punição foi disciplinar, independentemente da situação técnica da jogada.

CORNETADA DO DIA

Vai para o time do Vasco, que não vence há três jogos e a chegada do técnico Lisca não trouxe até agora os resultados esperados.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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