Recentemente, Wilson Seneme, presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, causou uma grande controvérsia no futebol brasileiro, ao afirmar em seu depoimento na CPI das apostas esportivas no Senado Federal, que o árbitro assistente de vídeo (VAR) não precisa mostrar todos os ângulos e imagens disponíveis ao árbitro central durante a revisão de jogadas.
Essa declaração, longe de ser apenas uma opinião técnica, levanta sérias preocupações sobre a integridade e a transparência das decisões arbitrais, sugerindo que a abordagem proposta por Seneme pode, na verdade, induzir o árbitro central a erros significativos.
Ao afirmar que a quantidade excessiva de ângulos pode mais atrapalhar do que ajudar, Seneme está, essencialmente, sugerindo que o árbitro central deve tomar decisões com base em uma visão incompleta da situação. A ideia de filtrar as imagens para mostrar apenas as "mais claras e relevantes" é altamente problemática, pois abre espaço para a subjetividade e potencialmente esconde detalhes cruciais que poderiam influenciar a decisão final.
A falta de acesso a todos os ângulos e imagens possíveis é uma receita para erros. Ao limitar a informação disponível, o árbitro central corre o risco de tomar decisões baseadas em uma compreensão parcial da jogada. Isso é especialmente preocupante em situações complexas, onde diferentes ângulos podem revelar nuances que uma única câmera não consegue captar.
Além disso, a transparência é um pilar fundamental para a credibilidade da arbitragem. Quando o público e os times sabem que o árbitro central tem acesso a todas as informações possíveis, há uma maior confiança nas decisões tomadas. Se, no entanto, essa informação é filtrada, a percepção é de que algo está sendo ocultado, o que inevitavelmente gera desconfiança e polêmica.
Diversos comentaristas esportivos e ex-árbitros expressaram preocupações legítimas sobre as declarações de Seneme. A crítica mais contundente, no entanto, reside na ideia de que a filtragem das imagens não só esconde informações cruciais, mas também coloca uma pressão injusta sobre o árbitro central. Ao receber uma visão limitada, o árbitro pode ser induzido a tomar decisões que não refletem a realidade completa da jogada, levando a erros que poderiam ter sido evitados com uma revisão mais abrangente.
A declaração de Seneme tem o potencial de impactar negativamente a arbitragem no futebol brasileiro. Se adotada, essa abordagem pode levar a um aumento no número de decisões controversas e erros, que poderiam ter sido corrigidos com uma revisão mais completa. Isso, por sua vez, prejudica a legitimidade do VAR como uma ferramenta de correção de erros claros e evidentes.
O depoimento de Wilson Seneme sobre o uso do VAR representa um passo na direção errada para a arbitragem no futebol. Ao sugerir que nem todos os ângulos e imagens precisam ser mostrados ao árbitro central, ele está, na prática, promovendo um sistema menos transparente e mais propenso a erros. A confiança no VAR e na arbitragem depende da total transparência e da máxima informação disponível para a tomada de decisões. Qualquer coisa menos do que isso é um desserviço ao esporte e aos seus milhões de fãs. A polêmica gerada por suas declarações mostra que, para o futebol brasileiro, a busca pela justiça no esporte deve sempre priorizar a clareza e a integridade acima da conveniência e da rapidez.
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